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Papa chama de 'contra-senso' demissão de cardeal investigado por pedofilia

A Igreja Católica na França, sacudida há vários meses por escândalos de pedofilia, anunciou em 12 de abril uma série de medidas para esclarecer estes abusos sexuais em seu seio


Paris, França - O papa Francisco afirmou em uma entrevista ao jornal La Croix que a demissão do cardeal francês Phillippe Barbarin, acusado de não ter denunciado abusos sexuais a menores em sua diocese, seria um "contra-senso" antes de saber a sentença do julgamento.

Em declarações ao veículo, que foi publicado na terça-feira, sobre a pergunta de se Barbaria devia se demitir, o pontífice respondeu: "Não, seria um contra-senso, uma imprudência".

"Veremos depois da conclusão do processo. Mas agora, isso seria assinalá-lo como culpado", acrescentou.

"Segundo os elementos de que disponho, creio que em Lyon, o cardeal Barbarin (...) assumiu o comando da situação", explicou o santo padre, para quem o arcebispo de Lyon é "um valente, um criativo, um missionário".

"Devemos esperar agora para ver como seguirá o procedimento diante da justiça civil", acrescentou.

O cardeal Barbarin, personalidade influente da hierarquia católica francesa, se encontra em duas investigações junto a outros responsáveis religiosos por "não denunciar" agressões sexuais cometidas contra jovens entre 1986 e 1991 pelo sacerdote Bernard Preynat.

Este último, em atividade até agosto de 2015, reconheceu os feitos e foi acusado em 27 de janeiro.



Uma associação defensora das vítimas, La Parole Libérée, repreendeu Barbaria por não ter informado sobre os atos do sacerdote à justiça, apesar de estar ciente desde 2007.

O cardeal francês, arcebispo de Lyon desde 2002, nega ter encoberto os acontecimentos, ainda que tenha admitido em 25 de abril "erros na gestão e nomeação de certos sacerdotes".

De forma mais geral, o papa Francisco estimou que nos casos de pedofilia não era "fácil julgar os feitos após décadas, em outro contexto". "Mas para a Igreja, nesse campo, não pode haver prescrições", acrescentou.

"Por estes abusos, um sacerdote que teria como vocação conduzir uma criança para Deus, o destrói. Dissemina o mal, o ressentimento, a dor. Como havia dito Bento XVI, a tolerância deve ser zero", insistiu, citando seu antecessor.

A Igreja Católica na França, sacudida há vários meses por escândalos de pedofilia, anunciou em 12 de abril uma série de medidas para esclarecer estes abusos sexuais em seu seio.