Prioridade às negociações
Nem sempre foi assim. Em 2012, um comitê do Senado americano votou simbolicamente um corte de 33 milhões de dólares da ajuda concedida a Islamabad, ou seja, um milhão por ano de prisão imposto ao doutor Afridi. Mas a pressão americana foi diminuindo à medida que se reforçavam os vínculos com Islamabad e surgiam outras prioridades, estimam vários especialistas. "As negociações com os talibãs (afegãos) se impuseram sobre todas as demais", estima Ahmed Rahsid, um analista especializado em segurança.
Os americanos não querem abordar "temas espinhosos" com o Paquistão, considerado um mediador crucial nas negociações de paz no Afeganistão. Michael Kugelman, pesquisador no Woodrow Wilson Center em Washington, estima que o caso Afridi "não desapareceu nunca. Acredito que as autoridades americanas exercem pressão com certa regularidade, com discrição". Mas "é provável que o tema tenha passado a um segundo plano", afirma, diante das poucas esperanças de que seja alcançado um acordo "no curto prazo".
As repercussões do caso Afridi não são apenas diplomáticas: alguns extremistas o utilizam como desculpa para rejeitar as campanhas de vacinação e atacar os que as realizam.