Londres, Reino Unido - O presidente americano, Barack Obama, chegará na quinta-feira (21/4) a Londres para apoiar a campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia. Esta será, provavelmente, sua última visita ao grande aliado europeu como chefe de Estado.
A visita de quatro dias terá também um enfoque monárquico, porque Obama e sua esposa, Michelle, almoçarão na sexta-feira (22/4) com a rainha Elizabeth II no castelo de Windsor, um dia depois do aniversário de 90 anos da monarca.
Obama escolherá, provavelmente, a coletiva de imprensa de sexta-feira, que concederá ao lado do primeiro-ministro britânico, David Cameron, para expressar seu apoio aos pró-europeus no referendo do dia 23 de junho sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia.
Na esteira das suas declarações pouco antes do referendo de independência da Escócia, em 2014, quando defendeu a unidade britânica, Obama intervirá por um Reino Unido forte em uma União Europeia forte.
"Se lhe pedirem sua opinião como amigo, ele a dará", explicou Ben Rhodes, conselheiro de política exterior de Obama.
"Mas deixará muito claro que caberá somente aos britânicos decidir sobre esse assunto quando forem votar em junho", afirmou.
Em privado, os funcionários da administração americana costumam ser mais contundentes ao opinar sobre o referendo, porque a saída da União Europeia deixaria Washington sem a mediação britânica nas suas relações com a Europa.
Evitar que Londres e União Europeia saiam prejudicados
Em Washington, a aposta de Cameron por convocar o referendo - como exigia a fileira eurocética do seu partido conservador - é vista como um grande risco, que poderia prejudicar seriamente Londres e a União Europeia.
Em carta publicada nesta quarta-feira no jornal The Times, oito ex-secretários do Tesouro americano defenderam a permanência britânica na União Europeia como a melhor garantia da superioridade financeira de Londres.
"Um Reino Unido forte e dentro da União Europeia segue sendo, na nossa opinião, a melhor esperança para garantir o futuro do Reino Unido, criar uma Europa mais próspera e proteger uma economia mundial saudável e resistente", escreveram os oito antigos ministros de Finanças.
A saída seria, sentenciaram, "uma aposta arriscada".
As pesquisas revelam uma disputa acirrada entre os partidários da saída e os da permanência no bloco, com uma proporção alta de indecisos.
Cameron defende a permanência, mas sua credibilidade ficou prejudicada depois que seu nome apareceu nos papéis de Panamá como titular de ações em uma empresa criada pelo seu pai em um paraíso fiscal.
Além disso, Obama criticou Cameron e o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy por não terem interferido na Líbia após a queda do ditador Muamar Gadafi e permitirem que o país se convertesse em um grande foco de instabilidade.
"Estava convencido de que os europeus, dada a proximidade com a Líbia, estariam mais implicados no acompanhamento" da situação, disse Obama, acusando Cameron de ter estado "distraído com outras coisas".
Apesar disso, Londres e Washington afirmam que têm muito boa relação, e Cameron revelou que Obama o chama de "bro", ou seja, "irmão", um trato familiar e pouco comum entre dirigentes.
A intromissão de Obama na campanha do referendo não agradou os anti-europeus. Um deles, o prefeito de Londres, Boris Johnson, classificou a futura intervenção de Obama como "hipocrisia exorbitante e indignante", porque Washington nunca aceitaria uma controle como o que exerce Bruxelas.