Londres, Reino Unido - O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, prometeu nesta quinta-feira (14/4) que fará campanha a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), depois de ser acusado de timidez no tema por razões estratégicas.
Corbyn, que se opôs à UE durante grande parte de sua vida por considerá-la muito mercantil e que agora considera o bloco uma garantia para os trabalhadores ante o governo conservador, respondeu à preocupação de muitos defensores da Europa no partido de falta de envolvimento suficiente para vencer o referendo de 23 de junho. "Não se preocupem, vocês nos verão muito na campanha", disse o líder da oposição em um ato na Universidade de Londres.
"Não fazemos nada sem entusiasmo, não há falta de entusiasmo em nossa campanha", afirmou Corbyn, que no referendo anterior de 1975, assim como parte importante do Partido Trabalhista, votou contra a permanência na UE. "Assisti a várias reuniões com o Partido Socialista dos europeus, tive longas conversas com primeiros-ministros e líderes de partidos de toda a Europa", se defendeu.
[SAIBAMAIS]Deste modo, Corbyn respondeu a declarações de políticos com a deputada trabalhista Alison McGovern, de uma área industrial do norte da Inglaterra, Wirral South, que afirmou na quarta-feira que os trabalhadores em sua região dependem da permanência na e que "o líder do Partido Trabalhista tem que encabeçar os esforços".
O referendo sobre a independência na Escócia, em setembro de 2014, ainda irrita alguns trabalhistas. Diante da impopularidade do governado conservador do primeiro-ministro David Cameron na região do norte, trabalhistas como Gordon Brown e Alistair Darling lideraram com sucesso a campanha para que a Escócia continuasse no Reino Unido, mas pagaram por sua associação com os "tories" com uma queda espetacular em seu antigo reduto.
A recordação e o prazer (além dos benefícios eleitorais) de ver os conservadores em uma disputa violenta por um tema que os divide são os motivos mais citados pelos analistas para explicar a timidez trabalhista na campanha para o referendo da UE, que começa oficialmente na sexta-feira.
Sem a mobilização trabalhista, no entanto, e em especial os votos dos jovens, é difícil que o Reino Unido permaneça na UE. Uma pesquisa publicada pelo jornal The Times mostra que os britânicos confiam mais em Corbyn que em Cameron no tema. A saída e a permanência aparecem empatados com 39% das intenções de voto.