Pequim, China - As economias emergentes, até pouco tempo atrás estrelas do crescimento mundial, exibem agora "sinais de perigo" em meio ao sombrio panorama mundial e à queda dos preços das matérias-primas, informou nessa terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em seu relatório "Panorama da Economia Mundial", o FMI reduziu suas previsões de crescimento para o conjunto das economias emergentes em 0,2%, a 4,1% para este ano de 2016. Para 2017 há um corte de 0,1%, a 4,6% para esses países, entre eles Brasil, Rússia, China e Índia.
"Embora o crescimento dos mercados emergentes e em desenvolvimento ainda represente boa parte do crescimento para todo o mundo em 2016, há desigualdades entre países e, em geral, (este crescimento) é mais frágil do que há duas décadas" indica o relatório.
Essas economias têm sido afetadas pela queda dos preços das matérias-primas, a redução no ritmo de investimentos e no comércio, explica o FMI.
"Alguns países, entre eles o Brasil (-3,8% de crescimento previsto para 2016, igual ao ano anterior) e a Rússia (-1,8%, -3,7% em 2015) , continuam imersos em profundas recessões", aponta o organismo multilateral.
A China, gigante emergente e segunda maior economia do mundo, desacelerou seu crescimento (6,5% previsto em 2016, contra 6,9% no ano passado) após vários anos de crescimento a dois dígitos, em torno dos 10%.
Esse freio na economia chinesa "amputou claramente o crescimento do investimento mundial (...) e reduziu o comércio mundial", assegura o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld
"O aumento das saídas líquidas de capital dos países emergentes poderá gerar novas depreciações das moedas desses países", adverte o economista do FMI. Por outro lado, a Índia representa o "aluno brilhante", com uma previsão de crescimento para 2016 de 7,5%, dois décimos a mais do que em 2015.
Interconexão
"Basicamente, todos nos vemos afetados, e o que acontece em uma região tem consequências em outra", afirma Obstfeld em uma declaração gravada em que pedem que os políticos "atuem agora" contra um crescimento persistentemente fraco.
A brutal queda dos preços do petróleo afetou os países emergentes e em desenvolvimento que são exportadores, e que tiveram que cortar gastos devido à redução das suas receitas, lembra o FMI.
Essa situação fica particularmente explícita no caso da Venezuela, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e afundada em uma crise política e econômica. O FMI prevê uma profunda queda do seu PIB para 2016 (-8%, depois de -5,7% em 2015) e para 2017 (-4,5%)
As previsões de crescimento para os demais países emergentes e em desenvolvimento da Ásia são sólidas (Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas, Vietnã), com uma média de 6% em 2016 (5,9% em 2015), e 6,3% para 2017.
As estimativas para os países africanos são menos generosas. também por causa da queda dos preços das matérias-primas e das condições globais de financiamento mais rigorosas, segundo o FMI. O crescimento médio esperado nos países subsaarianos será "fraco" em 2016, de 3% (contra 3,4% em 2015).
Nesse continente, a queda dos preços do petróleo afetaram a Nigéria, cujo crescimento esperado pelo FMI em 2016 será de 2,3%, quatro décimos a menos do que em 2015 (2,3%).
Na África do Sul, outro grande país emergente, o crescimento ficaria reduzido à metade em 2016, a 0,6% (contra 1,3% em 2015), devido à queda das exportações e às incertezas políticas.