Washington - O jornal americano The Boston Globe publicou uma falsa primeira página datada de 9 de abril de 2017, na qual imagina Donald Trump como presidente para mostrar como seria, segundo este veículo, aplicar sua visão "perturbadora" no país.
"As deportações vão começar", "Os distúrbios continuam" e "Os soldados americanos rejeitam a ordem de executar as famílias dos membros do EI" são algumas das manchetes desta primeira página fictícia, que pretende projetar como seria o cotidiano, se o magnata nova-iorquino ocupasse a Casa Branca.
Trump segue na liderança das primárias republicanas pela indicação presidencial, embora seu adversário Ted Cruz tenha conquistado várias vitórias recentemente.
Nos artigos satíricos, Donald Trump se compromete a expulsar 11,3 milhões de imigrantes clandestinos em dois anos. Outro artigo se refere às consequências da imposição de taxas alfandegárias de até 45% para os produtos importados da China e de 35% para alguns produtos procedentes do México.
Outra matéria fala da crise diplomática com a China provocada pela decisão de Trump de colocar em seu cachorro o nome da primeira-dama chinesa, Peng Liyuan. "Não sei por que se ofende tanto, gosto dos cachorros fofos e gosto das mulheres. Não é como se tivesse tuitado uma foto de um Rottweiler chamado Merkel (a chanceler alemã)", fantasia o prestigiado jornal.
No cenário imaginado pelo Boston Globe, os mercados reagiram muito mal a esses anúncios, levando o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York a perder um terço de seu valor em três semanas.
A falsa primeira página é acompanhada de um editorial com o título "O Partido Republicano deve parar Trump", cuja visão do futuro dos Estados Unidos considera "profundamente perturbadora" e contrária aos valores essenciais da nação. Esta visão "precisa de uma oposição ativa e comprometida", explica o editorial.
Os republicanos "devem reagir da maneira mais sensata: colocar todos os obstáculos legítimos possíveis no caminho de Trump", pede o jornal, que convoca o partido a "não se conformar com um candidato tão radical quanto (Trump) - e talvez mais perigoso - elegendo Ted Cruz".
O jornal pede que os líderes republicanos elejam outra alternativa, como o presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, ou o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney.
Muitos dos principais jornais dos Estados Unidos, como The New York Times, Los Angeles Times e Washington Post, já publicaram em suas páginas duros editoriais contra Trump.
Hoje, o polêmico magnata reagiu, dizendo a seus correligionários que a visão do Boston Globe é "imbecil". "Não tem valor. É vendido por US$ 1", afirmou, desqualificando o jornal, em um comício em Rochester, em Nova York.