Grécia - A tensão aumentou neste domingo (10/4) no acampamento de Idomeni, na fronteira greco-macedônia, onde 260 migrantes ficaram feridos quando a polícia usou gás lacrimogêneo para dissolver uma manifestação que pedia a "abertura das fronteiras".
Os incidentes começaram pela manhã, quando alguns dos 500 migrantes reunidos junto à barreira fronteiriça para exigir sua abertura tentaram forçar o alambrado e lançaram pedras contra os agentes macedônios. Estes responderam, por sua vez, com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.
Dezenas de migrantes desmaiaram. Foram auxiliados por unidades médicas das ONGs presentes. "Duzentas pessoas foram socorridas por nossa unidade médica por problemas respiratórios, 30 por ferimentos causados por balas de borracha e 30 por outras lesões", disse à AFP Achilleas Tzemos, da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), no campo de Idomeni.
A polícia macedônia negou, no entanto, ter utilizado balas de borracha. "Usamos produtos químicos autorizados e nenhum tipo de bala", declarou a porta-voz da Polícia macedônia, Liza Bendvska, à AFP.
Já o porta-voz do serviço grego de coordenação da crise migratória, Giorgos Kyritsis, denunciou o uso perigoso e condenável de "balas de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral".
Este é o terceiro grande incidente em Idomeni desde o fechamento total da fronteira. No fim de fevereiro, a Polícia havia lançado bombas de gás lacrimogêneo após uma primeira tentativa de passagem forçada.
No dia 15 de março, centenas de migrantes conseguiram entrar na Macedônia, passando por um rio, mas a Polícia macedônia os enviou de volta para Idomeni.
Manifestações no Pireu
Após os confrontos deste domingo, Kyritsis pediu que os migrantes não escutem os rumores e "cooperem com as autoridades gregas para serem transferidos para centros de acolhida". Os migrantes protestaram após a divulgação de boatos nos últimos dias de que a Macedônia iria abrir a fronteira.
Há um mês e meio, mais de 11.000 refugiados acampam em condições miseráveis na fronteira, pedindo sua abertura. Ela segue fechada desde o início de março, quando os países da chamada rota dos Bálcãs, pela qual os migrantes passavam a caminho da Alemanha, ou do norte da Europa, decidiram fechar suas portas.
O governo grego tentou convencer os migrantes de Idomeni a irem para os centros de acolhida da região, mas não obteve o resultado esperado. Muitos preferiram ficar em Idomeni à espera de que a Macedônia um dia abra sua fronteira.
No porto do Pireu, o segundo da Grécia depois de Atenas, onde 4.500 migrantes acampam há um mês, centenas de migrantes e simpatizantes protestaram em calma contra as tentativas do governo grego de transferir os migrantes para centros de acolhida. "Liberdade", "Não queremos campos-prisão", diziam os slogans, em inglês e árabe, nos cartazes que lideravam a marcha.
Os migrantes do Pireu e de Idomeni fazem parte de um grupo de 46.000 pessoas que chegaram à Grécia depois de passarem pela Turquia, antes do acordo UE-Turquia que entrou em vigor em 20 de março, e que estão agora presos na Grécia continental. A maioria se encontra em campos de acolhida organizados.