Lima, Peru - A campanha presidencial no Peru terá nesta terça-feira um ingrediente adicional: uma passeata contra a candidata Keiko Fujimori, favorita para vencer as eleições de 10 de abril, convocada para o dia em que o autogolpe de Estado dado por seu pai, Alberto Fujimori, completa 24 anos.
Os organizadores da manifestação são uma série de grupos identificados pelo nome de "Não a Keiko", que através das redes sociais convocaram os eleitores a marchar a partir da praça San Martín de Lima para percorrer as ruas sob o lema "Keiko não vai".
Os organizadores acreditam que devem reunir ao menos 20 mil manifestantes na noite desta terça-feira(5/4), no que paradoxalmente pode ser uma das maiores concentrações realizadas durante a campanha eleitoral iniciada em janeiro.
"Convocamos as pessoas a se somarem de maneira pacífica à marcha e a virem com as mãos pintadas de branco" em rejeição à corrupção, disse Carlos Salazar, representante dos diversos coletivos organizadores.
[SAIBAMAIS]As convocações para a marcha se espalham pelas redes sociais Facebook e Twitter, enfatizando o retrocesso que, segundo os convocadores, o país sofrerá em caso da eleição como presidente da filha de Alberto Fujimori, que governou entre 1990 e 2000 e que é o primeiro presidente peruano condenado por corrupção e crimes contra a humanidade em cerca de um século.
Humala a favor
A manifestação conta com o apoio do presidente Olanta Humala, um comandante na reserva do Exército que no ano 2000 liderou um levante contra Fujimrori com um punhado de soldados exigindo sua renúncia. "Fico satisfeito em ver que milhares de jovens sairão para marchar contra a ditadura e a favor da democracia", disse Humala na noite de segunda-feira em uma entrevista à Latina TV.
"Isto é parte da memória do país. Um povo que esquece de sua história está condenado a repeti-la", acrescentou o presidente, que deixa o poder em 28 de julho com baixa popularidade e sem que seu partido, o Partido Nacionalista, apresente um candidato para sucedê-lo.
Apesar do apoio do presidente, Jorge Bracamonte, secretário-executivo da Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos, uma das organizações que convocaram o protesto, junto a sindicatos e ONGs, afirmou que a marcha "é uma convocação política, sem identidade partidária".
A Defensoria do Povo convocou na segunda-feira os manifestantes a não realizar atos de violência e a se expressar de maneira pacífica. "Têm o direito de se reunir, pedimos tolerância e que evitem a violência. Pedimos aos nossos militantes que se abstenham de ceder a qualquer provocação", declarou por sua vez Keiko Fujimori.