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Investigação sobre ataque frustrado leva a prisões na Bélgica e na França

Segundo o presidente francês François Hollande, a rede que cometeu os ataques em Paris e Bruxelas está "prestes a ser aniquilada"

Um novo projeto de atentado na França foi frustrado, levando à prisão de suspeitos na Bélgica e na França, sendo um deles ligado ao suposto mentor dos ataques extremistas de novembro em Paris, Abdelhamid Abaaoud.

De acordo com fontes policiais francesas, o francês detido na quinta-feira à noite em Boulogne-Billancourt (oeste de Paris) é Reda Kriket, um francês de 34 anos que foi condenado à revelia em Bruxelas, em julho de 2015, com Abdelhamid Abaaoud no julgamento de uma rede de recrutamento jihadista.

[SAIBAMAIS]Além disso, três pessoas foram detidas nesta sexta-feira em Bruxelas em operações ligadas ao projeto de atentado frustrado na França, informou a procuradoria federal belga.

Os três detidos são Tawfik A., preso no distrito de Forest e que foi ferido na perna, Salah A., detido na rua no distrito de Saint-Gilles, e "uma terceira pessoa na avenida Rogier", no distrito de Schaarbeek, que também foi ferido na perna.

Segundo o presidente francês François Hollande, a rede que cometeu os ataques em Paris e Bruxelas está "prestes a ser aniquilada", mas há "outras redes", que constituem "uma ameaça".

Nascido em Courbevoie, perto de Paris, Reda Kriket residia em Ixelles, um município de Bruxelas, quando um mandado de captura internacional foi emitido contra ele, em março de 2014.

Ele também foi condenado várias vezes na França por infrações penais, segundo uma fonte próxima à investigação, que não forneceu mais detalhes.

A Bélgica, alvo de um duplo atentado terrorista na terças-feira (pelo menos 31 mortos e 300 feridos) está no centro da luta contra o terrorismo na Europa. Os ataques de Paris foram preparados na Bélgica.

No entanto, nesta fase da investigação, ainda não foi estabelecida qualquer ligação entre a prisão de Kriket e a de seis homens na noite de quinta em Bruxelas, de acordo com as fontes policiais.

No julgamento de julho de 2015, Reda Kriket foi condenado a dez anos de prisão à revelia. O belga-marroquino Abaaoud, igualmente foragido, foi condenado a vinte anos. De acordo com a investigação, Kriket desempenhou um papel importante no financiamento da rede extremista, doando parte de seus roubos e lucros de atividades ilícitas, em nome do princípio muçulmano da Ghanima (partilha dos despojos de guerra).

Fuzis e explosivos
No total, 28 pessoas foram condenadas em 29 de julho de 2015. A célula extremista era liderada por um belga de 41 anos, Khalid Zerkani, descrito pelas autoridades judiciais como o "maior recrutador de candidatos à jihad na Bélgica".

A rede tinha recrutado e enviado para a Síria muitos jovens, incluindo Chakib Akrouh, outro membro dos ataques de 13 de novembro em Paris.

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Chakib Akrouh, belga-marroquino, fazia parte do comando que atacou vários cafés e restaurantes em Paris. Ele estava ao lado de Abaaoud quando se explodiu em 18 de novembro, cercado pela polícia em um apartamento em Saint-Denis, subúrbio norte de Paris. Abaaoud foi baleado pela polícia.

A prisão na quinta de manhã de Reda Kriket pela polícia francesa foi descrita como "muito importante" pelo ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve. Ela permitiu "desbaratar um projeto de atentado na França, que já estava em um estágio avançado", disse ele.

Kriket é "suspeito de envolvimento em alto nível neste projeto. Ele evoluía dentro de uma rede terrorista que planejava atacar a França", explicou o ministro.

Na noite de quinta para sexta-feira, a polícia realizou batidas em um edifício em Argenteuil, perto de Paris, onde fuzis e explosivos foram encontrados.

Além de uma pequena quantidade de TATP pronta para ser utilizada, os investigadores encontraram acetona e peróxido de hidrogênio, ingredientes na composição deste explosivo frequentemente utilizado pelo grupo Estado Islâmico.

A polícia continuava a bloquear o acesso à rua que conduz ao edifício nesta sexta-feira.

A investigação, realizada há "várias semanas", é conduzida em "cooperação estreita e permanente entre os serviços europeus", de acordo com Bernard Cazeneuve.

Desde janeiro de 2015 e os primeiros ataques jihadistas contra alvos franceses, a França desbaratou quase uma dúzia de planos de ataques, segundo as autoridades.

As autoridades lembram constantemente que a França, que participa da coalizão militar internacional contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria, permanece sob uma ameaça terrorista "muito elevada".