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Confusão diplomática prolonga queda de braço entre Brasil e Israel

Brasília mantém rejeição ao candidato a embaixador israelense


Jerusalém - A nomeação do futuro embaixador israelense no Brasil teve um estranho desdobramento nesta quinta-feira, quando Israel anunciou que renunciava a seu candidato Danny Dayan e, logo depois, insistiu em mantê-lo, apesar da oposição de Brasília.

[SAIBAMAIS]A designação de Dayan como chefe da missão diplomática israelense em Brasília se encontra em ponto morto desde que foi anunciada em meados de 2015.

Brasília mantém sua rejeição ao candidato proposto pelo governo israelense, um empresário de origem argentina que dirigiu, entre 2007 e 2013, o Conselho de Yesha, a principal organização de colonos nos Territórios Palestinos ocupados. Vive na Cisjordânia ocupada e se opõe à criação de um Estado palestino.

Depois de ter-se mantido firme em suas posições, Israel pareceu ceder, hoje, nesta queda de braço. O porta-voz do Ministério israelense das Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon, chegou a anunciar a reabertura das candidaturas para o posto.


Pelo menos 1h15 mais tarde, informou que se tratava de um "lamentável erro burocrático", acrescentando que "Danny Dayan continua sendo o embaixador nomeado de Israel".

Danny Dayan reagiu com ambivalência sobre o assunto.

"Por cerca de uma hora, fiquei feliz de ter saído dessa situação incômoda em que me encontro, ao mesmo tempo em que lamento que o Estado de Israel tenha cedido ao boicote", disse ele no Twitter.

"Agora é o contrário", completou.

Considerada ilegal do ponto de vista da comunidade internacional, a construção de novas colônias é vista como um obstáculo maior para a criação de um Estado palestino e para o processo de paz.

O Brasil reconheceu o Estado da Palestina em 2010 e já manifestou, em diferentes ocasiões, seu apoio à causa palestina.

Em 2014, o Brasil convocou seu embaixador em Israel para consulta para protestar pelo "uso desproporcional da força" durante a guerra na Faixa de Gaza. A medida foi criticada pelos israelenses.

A ministra adjunta das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, mostrou sua determinação, em fevereiro, e declarou que o Ministério poria "todos os meios a sua disposição para fazer validar a nomeação de Danny Dayan".

"Não aceitaremos uma situação, na qual nós não nomeamos um embaixador por culpa de suas opiniões políticas", insistiu.