Durante 20 meses, especialistas da organização independente Conflict Armament Research (CAR), sediada em Londres, investigaram, na Síria e no Iraque, mais de 700 componentes utilizados pelo Estado Islâmico (EI) na fabricação dos dispositivos explosivos improvisados (IEDs, pela sigla em inglês) ; geralmente usados em atentados à beira de estradas. Apoiados pelas Unidades de Mobilização Popular Iraquiana, pela Polícia Federal do Iraque, pelas forças peshmerga (guerrilheiros curdos) e pelas Unidades de Proteção Popular (YPG), eles identificaram 51 entidades comerciais e 20 países envolvidos na cadeia de suprimentos de componentes empregados pelos jihadistas ; com 13 companhias, a Turquia é o mais importante ;ponto de estrangulamento; para os materiais.
Em 29 de abril passado, o material, junto de tambores produzidos pela romena Alba Aluminiu e pela chinesa Sunrise Aluminium Pigments, foi identificado pela equipe do CAR em armazém capturado das mãos do EI em Tikrit, no norte do Iraque. Wilson faz questão de afastar qualquer suspeita sobre a Aldoro e as 50 companhias. ;Como todos os fabricantes citados, não suspeitamos nem acusamos a Aldoro de ter feito algo errado. Não existe evidência que surgira transferência direta de bens para as forças do EI por parte da companhia brasileira;, explicou. ;Qualquer informação que pudermos obter das companhias nos fará traçar o caminho para determinar como o EI recebeu os produtos.;
De acordo com ele, todas as transações investigadas foram feitas legalmente, com a apresentação da documentação exigida. ;As companhias internacionais forneceram os produtos para corretores, agentes e intermediários, que, então, os venderam a varejistas locais. Acreditamos que estes negociaram a mercadoria com representantes do EI;, relatou.
Confirmação
A Aldoro respondeu a e-mail enviado pelo Correio. ;Confirmamos uma exportação para o nosso distribuidor Gultas Kimya, na Turquia, em agosto de 2014. Foram 12 mil quilos de pasta de alumínio e mil quilos de purpurina ; pigmentos de bronze. São matérias-primas em tintas para manutenção, indústrias, decoração, setor automotivo e impressão;, admitiu Steffan Martendal, diretor administrativo da empresa. O dossiê do CAR atesta que a Gultas Kimya recebeu a pasta de alumínio em agosto de 2014. O relatório aponta que o produto foi usado pelo EI entre março e abril de 2015. ;Claro que ficamos preocupados, mas a informação era muito vaga. Não conseguimos saber de onde veio o balde nem se tinha produto dentro;, disse o diretor da Aldoro.
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