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Rússia segue bombardeando terroristas na Síria, diz Kremlin

A aviação russa intensificou nesta sexta-feira seus ataques contra redutos rebeldes na Síria, poucas horas antes da esperada entrada em vigor de um cessar-fogo patrocinado pela Rússia e os Estados Unidos.

Esta trégua entre o regime e os rebeldes, a primeira do tipo em quase cinco anos de guerra, deve começar a partir de sábado às 00h00 (19h00 de sexta-feira no horário de Brasília), mas sua aplicação é muito complexa, dadas as alianças no terreno entre insurgentes e jihadistas excluídos do cessar-fogo.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu Moscou e Damasco que o "mundo estará observando" o respeito da trégua.

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O regime de Bashar al-Assad, uma centena de facções rebeldes e as forças curdas disseram que respeitarão o cessar-fogo neste conflito que já custou mais de 270.000 vidas, deslocou mais de metade da população e desestabiliza o Oriente Médio e Europa.

Mas o regime, apoiado por seu aliado russo, bem como a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, continuam a atacar os grupos jihadistas Estado Islâmico (EI) e Frente Al-Nosra, o ramo sírio da Al-Qaeda, que ocupam mais metade da Síria.

O chefe da Frente Al-Nosra, Mohamad al Kholani, convocou os opositores de Assad a rejeitar o cessar-fogo e a intensificar os ataques contra o regime. "Cuidado com a armadilha do Ocidente e dos Estados Unidos".

Os rebeldes sírios também estão enfraquecidos pela expansão dos jihadistas e controlam apenas uma pequena parte do território, especialmente perto de Damasco, Aleppo (norte) e Homs (centro) e parte do sul do país.

A aviação russa tem bombardeado violentamente precisamente estes redutos rebeldes.

"Os ataques são mais intensos em Ghuta oriental, a leste de Damasco, nas províncias de Homs e de Aleppo", segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

;Marcar pontos;


Intensos ataques também atingiram Jobar, bairro periférico de Damasco onde a Al-Nosra é influente.

"É como se eles (russos e regime) quisessem marcar pontos sobre os rebeldes antes da trégua", considerou Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH.

"É claro, a aviação russa continua sua operação na Síria. Apoia as forças armadas (de Damasco) e mira nas organizações terroristas, o Estado Islâmico, a Frente Al-Nosra e os grupos incluídos na lista negra do Conselho de Segurança da ONU", declarou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.

"Mesmo depois da entrada em vigor do cessar-fogo, nossa ofensiva contra as organizações terroristas não vai parar", afirmou, ressaltando que "é um dos pontos de acordo entre os presidentes russo e americano".

Em Genebra, as negociações prosseguem para tentar finalizar as modalidades da trégua.

Segundo diplomatas, o Conselho de Segurança da ONU deverá adotar uma resolução sobre o acordo de cessar-fogo.

Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu nesta sexta-feira prosseguir com sua "luta implacável" contra o EI, a Frente Al-Nosra e outras "organizações terroristas" excluídas da trégua.

Esta menção de outras "organizações terroristas" pode complicar o processo, já que para Assad e seu aliado russo todos os grupos opositores são "terroristas".

;Trégua entre Rússia e América;

Para Putin, a resolução pacífica do conflito será difícil e a trégua se destina a "criar as condições para que um tal processo (político) seja iniciado".

Os Estados Unidos, que apoiam a oposição a Assad, não ter "muitas ilusões" sobre a trégua.

"Todo o mundo sabe o que deve acontecer: todas as partes devem por fim aos ataques, inclusive ataques aéreos e deve-se poder realizar a ajuda humanitária nas zonas assediadas", lembrou Barack Obama, enquanto civis morreram de fome em algumas localidades sitiadas.

A Turquia, na fronteira com a Síria e que entrou recentemente no conflito, declarou estar "seriamente preocupada" com a viabilidade do cessar-fogo. A aviação turca bombardeira as forças curdas sírias e considera que não está comprometida com a trégua.

Um rebelde sírio em Aleppo, Abu Rifaat, resume: "Esta é uma trégua entre Rússia e Estados Unidos, que impõem um cessar-fogo e que consideram como extremista e terrorista qualquer um que não aceitá-lo. É um pretexto para nos bombardear".