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Após resultado de pesquisa, oposição venezuelana pede saída de Maduro

Sondagem mostra que 72% querem saída do presidente


A oposição venezuelana aproveitou a divulgação de pesquisa do instituto Datincorp, anteontem, para intensificar a pressão pela saída do presidente Nicolás Maduro. ;O desejo do povo está explícito na realidade das ruas, em cada cidade, em cada povoado que visitamos. As pessoas padecem, sem o mínimo de atenção do Estado. Hoje, nosso país é o segundo mais violento do mundo e tem a maior inflação do planeta. Há uma crise humanitária em vigor, que tem levado 80% da população a clamar por mudança urgente;, afirmou ao Correio María Corina Machado, ex-deputada oposicionista cassada.

Por sua vez, Henrique Capriles ; governador do departamento de Miranda e líder da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) ; alertou à TV Globovisión sobre o risco de convulsão popular e defendeu um referendo para retirar Maduro. ;O revogatório é para evitar a explosão social ou um golpe de Estado;, advertiu. Presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup assegurou ontem que os problemas da Venezuela ;são imputáveis ao governo; e desqualificou a tese de ;conspiração universal;, propalada pelo Palácio de Miraflores. ;Ela já não é politicamente rentável.;

A sondagem da Datincorp indica que 72% dos 1.196 venezuelanos consultados ;querem; a saída do presidente antes da conclusão do mandato, em 2019. Entre as opções previstas pela Constituição para a remoção do chefe de Estado, 29% avalizam a convocação de referendo revogatório; 14% desejam uma Assembleia Constituinte; 14% apelam por um ;governo de unidade nacional;; 13% gostariam de ver a renúncia voluntária de Maduro; 2% sonham com um golpe militar. Em visitas pela Venezuela, María Corina testemunhou o drama da população. ;Uma mãe estava desesperada, pois não conseguia tratamento para o filho de 9 anos, com câncer.; Maduro não se pronunciou sobre a pesquisa.

Mecanismos
;Nós, venezuelanos, padecemos da pior crise econômica em 60 anos. A qualidade de vida chegou a níveis mínimos, ante a insegurança e o colapso dos serviços de saúde e de abastecimento de água e eletricidade;, disse à reportagem Ramón José Medina, vice-secretário executivo da MUD. ;Queremos que a transição ocorra por meios pacíficos, constitucionais e democráticos.; María Corina pondera que a Constituição oferece mecanismos para troca de regime. ;Uma delas é a emenda para encurtar o mandato presidencial. Outra é a convocação da Assembleia Nacional Constituinte. O terceiro método seria um referendo revogatório. Os três mecanismos contemplam etapas e lapsos, o que demandaria de 12 a 18 meses para a transição política, uma eternidade para a população.;

Cientista político da Universidad Simón Bolívar (em Caracas), José Vicente Carrasquero Aumaitre explicou ao Correio que o artigo n; 72 da Constituição permite o referendo após cumprida a metade do mandato. ;Isso já foi usado contra Hugo Chávez, em 2004. Na ocasião, ele foi confirmado em seu cargo.; A primeira providência seria coletar as assinaturas e definir a data do referendo.

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