Christine Lagarde foi reconduzida nesta sexta-feira (19/02) à frente do Fundo Monetário Internacional para um novo mandato de cinco anos, num momento em que a economia mundial vive momentos de turbulência.
Única candidata, a ex-ministra da economia francesa de 60 anos recebeu o apoio de vários Estados-membros do FMI, incluindo da França e dos Estados Unidos, e iniciará seu mandato em julho.
"Estou encantada por ter a oportunidade de conduzir o FMI como diretora-gerente por um segundo termo de cinco anos, e agradeço a contínua confiança e o apoio do Diretório do Fundo e de seus 188 países membros", expressou Lagarde em um comunicado.
"Farei o possível para que o FMI continue a ser uma instituição forte, capaz de se adaptar às mudanças e capaz de compreender os desafios que se perfilam no horizonte, e não apenas os desafios a curto prazo", acrescentou a dirigente.
O russo Aleksei Mishin, membro do Conselho diretivo do FMI, disse que o grupo decidiu renovar o mandato de Lagarde depois de considerar seu primeiro mandato "forte e inteligente".
De acordo com Mozhin, Lagarde "desempenhou um papel fundamental na revitalização das relações do FMI com seus membros globais, incluindo os mercados emergentes e em desenvolvimento".
Primeira mulher a liderar o FMI, a economista francesa é apontada como responsável por recuperar a reputação do FMI depois de substituir no cargo seu compatriota Dominique Strauss-Khan, que renunciou em 2011 em meio a um escândalo sexual.
Sua permanência no cargo mostra que Lagarde escapou imune de seu recente encaminhamento aos tribunais franceses por "negligência" no caso de Bernard Tapie-Credit Lyonnais quando ela era ministra de Economia da França.
Lagarde expressou mais uma vez nesta sexta-feira a esperança de que a justiça examine seu caso "com seriedade e serenidade".
Ao longo de seu primeiro mandato no FMI, Lagarde mostrou forte poder de liderança para lidar com as crises na Grécia, Chipre e Portugal.
Ao mesmo tempo, apoiou as reformas internas no FMI que dobraram os recursos do FMI e fortaleceram o peso dos países emergentes, principalmente da China, após décadas de domínio do Fundo pelos Estados Unidos, Europa e Japão.
A ex-ministra, que apareceu na vida pública em 2005, também tentou abrir a instituição guardiã da ortodoxia financeira a temas que não lhe são familiares, como as mudanças climáticas ou desigualdades sociais.
Seu novo mandato será, sem dúvida, dominado pelas crescentes preocupações com a economia global, num contexto de desaceleração chinesa e de outros países emergentes.
Os mercados financeiros foram tomados recentemente pelo pânico, aumentando os temores de uma nova recessão global comparável a de 2009 após o colapso do banco americano Lehman Brothers.
"Estamos em um momento comparável a 2009? Acredito que não", disse Lagarde nesta sexta-feira. "Estamos em um momento em que a coordenação é necessária? Sim".
O próximo G20 das Finanças, que será realizado em Xangai na próxima semana, será uma oportunidade para testar o grau de cooperação da comunidade internacional num momento em que a China tenta negociar uma transição delicada para um novo modelo de crescimento.
Nos próximos meses, Lagarde também deverá se concentrar em dois assuntos espinhosos. A instituição deverá decidir se irá se aliar aos europeus para resgatar a Grécia uma terceira vez desde 2010.
Em seguida, deverá avaliar se a Ucrânia poderá continuar a receber empréstimos dos FMI, apesar dos progressos considerados insuficientes na luta contra a corrupção no país.
No comunicado, Lagarde afirmou que "nos últimos cinco anos, o FMI se adaptou e reforçou a sua capacidade para responder às necessidades dos seus membros e está bem preparado para ajudá-los a alcançar seus objetivos no futuro".
O FMI "continua comprometido com seu objetivo fundamental de ajudar a garantir a estabilidade econômica e financeira mundial através da cooperação internacional", disse Lagarde.