Bruxelas, Bélgica - O primeiro-ministro britânico David Cameron e seus sócios europeus voltaram nesta sexta-feira à mesa de negociações em Bruxelas para chegar a um acordo que convença Londres a permanecer na União Europeia.
"Fiquei aqui até as cinco da madrugada. Fizemos progressos, mas ainda não há acordo", afirmou Cameron ao chegar para o segundo dia da cúpula em Bruxelas.
O objetivo de Cameron é voltar a Londres com uma boa resposta de Bruxelas a suas exigências para possa convocar o referendo prometido sobre a permanência do Reino Unido na UE.
Mas ele já alertou que não aceitará qualquer oferta.
O presidente francês François Hollande explicou ao chegar à reunião que durante a noite de quinta houve um grande intercâmbio de propostas.
"No que diz respeito à França, a vontade é que exista uma regulamentação financeira que valha para todos os mercados europeus e que não haja direito de veto, para que possamos lutar contra a especulação, a crise financeira da mesma maneira e com os mesmos órgãos", explicou, referindo-se a uma das exigências de Londres.
Cameron disse na quinta-feira que não aceitará um acordo ruim, mas Hollande já avisou que não serão feitas exceções.
"Se pudermos fazer um bom acordo, faremos, mas não ficarei com um acordo que não atenda às necessidades da Grã-Bretanha", enfatizou Cameron.
- Acordo concreto -
Cameron também pediu a seus colegas da UE que ofereçam um "acordo global concreto e que satisfaça as demandas britânicas".
Os 28 chefes de Estado e de governo da União Europeia se reúnem desta quinta em uma cúpula apresentada como "decisiva", para negociar um acordo com Londres. Com isso, Cameron teria mais condições de convencer seus eleitores a votar a favor da permanência no bloco no referendo que prometeu organizar.
Pressionado pela ala eurocética de seu partido e pelas formações antieuropeias, Cameron prometeu organizar um referendo e pediu reformas a seus 27 sócios da UE. O referendo aconteceria em junho.
Com esse objetivo, apresentou suas exigências em novembro. No início de fevereiro, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, fez uma série de contrapropostas que foram negociadas entre os membros do bloco.
Entre as exigências britânicas, está a de obter salvaguardas para os países que não usam o euro e que as decisões dos 19 países que usam a moeda única não sejam tomadas em detrimento dos demais.
Caso não seja alcançado um acordo, Cameron disse que tudo será possível, inclusive que seu país se transforme no primeiro a abandonar a UE.
Bruxelas propôs garantias a Londres, mas Paris defende que nenhum país pode ter direito ao veto sobre uma maior integração da união econômica. Nisso, a França conta com o apoio da Bélgica, cujo primeiro-ministro, Charles Michel, repetiu nesta quinta-feira que o Reino Unido deve permanecer na UE, "mas não ao preço de um desmantelamento do projeto europeu".
Cameron também pediu que sejam limitadas as ajudas sociais aos estrangeiros na Grã-Bretanha, a exigência mais polêmica.
O objetivo aqui é frear a imigração europeia. Isto provocou duras críticas em todo o bloco, em particular no Leste, origem da maioria dos imigrantes europeus do Reino Unido. Nesse tema, Cameron recebeu o crucial apoio da chanceler alemã, Angela Merkel, que considerou a maioria de suas demandas "justificadas".