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Opositor venezuelano acha que regime chavista não vai durar muito

Leopoldo López, que está detido, mostrou-se convencido de sua libertação iminente

Madri, Espanha - O opositor venezuelano Leopoldo López, que está detido, mostrou-se convencido de sua libertação iminente e garantiu que restam apenas horas ao governo de Nicolás Maduro, em uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo publicada nesta quinta-feira.

"Estou convencido de que valeu a pena minha detenção, de que restam horas à ditadura. Estou convencido de que a Venezuela irá superar esta situação, de que poderemos tirá-la do desastre ao qual está submetida hoje", declarou López na entrevista.

Embora o líder opositor esteja proibido de ter contatos com a imprensa, López respondeu às perguntas do jornal espanhol em pedaços de guardanapos ou camuflando-as em meio aos documentos de seus advogados, relata o El Mundo.


Quando são completados dois anos de sua rendição às autoridades venezuelanas, que no dia 10 de setembro o condenaram a 14 anos de prisão por incitar a violência durante os protestos contra Maduro em 2014, López se mostra convencido de ter feito a coisa certa.

"Não cometi nenhum crime, os organismos de direitos humanos mais prestigiados e importantes do mundo, prêmios Nobel, governantes, parlamentos disseram isso. Todos sabem que meu julgamento foi uma farsa", comentou.

Além disso, acredita que sua detenção serviu para convencer seus concidadãos para a necessidade de "mudar este governo ineficiente, corrupto e antidemocrático".

"Por ter esta convicção, há dois anos fizemos um chamado aos venezuelanos para conquistar uma mudança pacífica, democrática e constitucional, que nos custou nossa liberdade", afirmou.

"Hoje estou mais esperançoso e digo que valeu a pena tudo isso, porque vejo que esta convicção já é de toda a Mesa da Unidade Democrática (MUD), que está mais disposta do que nunca a concretizar a mudança em 2016", acrescenta.

Nas eleições de dezembro, a MUD, que reúne a oposição venezuelana, conseguiu dois terços da Assembleia Nacional, na qual querem impulsionar uma lei de anistia para todos os presos políticos, que na terça-feira foi aprovada em primeira instância.

Sobre esta lei, o pai de López se mostrou convencido nesta quinta-feira de que o governo de Nicolás Maduro vai ignorá-la e apostou por um referendo revocatório.

"Não resta a menor dúvida de que a jogada vai ser ignorar a obrigação de respeitar esta lei, não sou otimista quanto à obediência" do executivo, afirmou em uma coletiva de imprensa em Madri Leopoldo López Gil.

Ele acredita que, uma vez aprovada a lei em segunda leitura, Maduro a enviará ao Tribunal Supremo, que "eles controlam", depois que o executivo nomeou treze magistrados próximos ao regime antes das eleições legislativas de dezembro.

O chefe do executivo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou nesta quinta-feira acreditar no avanço da "Lei de Anistia que está sendo impulsionada pela valente Assembleia Nacional, à qual apoio sem reservas", em uma coluna publicada por ele pelo jornal El País.

No entanto, Leopoldo López Gil se mostrou convencido de que "Leopoldo vai libertar o povo", fazendo uma analogia ao ocorrido na Ucrânia, onde as mobilizações cidadãs levaram a uma mudança de governo em 2014.

"O poder mais forte que a população tem está na rua, não está na assembleia, se não formos à rua não vamos conquistar nada", disse López, que apostou por um referendo revocatório.