Beirute, Líbano - Os cercos se converteram em uma arma de guerra no conflito sírio, utilizados principalmente pelo regime, mas também pelos rebeldes e pela organização jihadista Estado Islâmico (EI).
Quantas pessoas vivem em zonas sitiadas?
Quase meio milhão (486.700 exatamente) vivem em zonas sitiadas e um total de 4,6 milhões vivem em locais considerados "dificilmente acessíveis", segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Duas ONGs, a holandesa Pax e a The Syria Institute, nos Estados Unidos, consideram que mais de um milhão de pessoas carecem de quantidades suficientes de alimentos, eletricidade e água corrente e correm maiores riscos de morrer como consequência destas carências.
Quais zonas estão sitiadas?
- Zonas cercadas pelo regime
O regime sitiou zonas em torno da capital Damasco. Na cidade de Madaya, uma das mais afetadas, 46 pessoas morreram de fome desde 1; de dezembro, segundo a Médicos Sem Fronteiras (MSF). Também estão cercadas duas outras localidades controladas pelos rebeldes na província de Damasco, como Zabadani, Muadamiyat al Sham ou Duma, Erbin e Zamalka na região da Ghuta Oriental.
As potências ocidentais acusaram o regime do presidente sírio Bashar al-Assad de sitiar estas zonas para obrigar os rebeldes a se render.
- Zonas cercadas pelos rebeldes
Os rebeldes usam a tática de cerco contra as localidades xiitas de Fua e Kafraya, na província de Idleb (noroeste)e pediram que seja entregue ajuda humanitária a Zabadani e Madaya, em seu poder, cada vez que Fua e Kafraya recebam comboios.
- Zonas cercadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico
O grupo jihadista cerca desde janeiro de 2015 a cidade de Deir Ezzor (leste), onde mais de 200.000 pessoas vivem. Esta cidade está nas mãos do regime, mas o grupo EI controla a maior parte da província.
No entanto, o governo de Damasco conseguiu entregar ajuda às localidades sitiadas que o exército sírio controla fazendo lançamentos a partir do ar, algo que os rebeldes não estão em condições de fazer, já que carecem de força aérea.
Onde foi possível entregar a ajuda?
Foi entregue ajuda de forma irregular em várias zonas cercadas, mas as ONGs humanitárias consideram que ela não é suficiente.
Em janeiro, caminhões com alimentos, medicamentos e cobertores chegaram a Madaya, Fua e Kafraya, mas a MSF afirma que ao menos 16 pessoas morreram em Madaya nos dois últimos meses.
Como as organizações internacionais reagem?
O Conselho de Segurança da ONU pediu em várias oportunidades que seja permitida a entrada de ajuda humanitária sem condições e que os cercos sejam levantados, o que não ocorreu.
Em Munique no dia 12 de fevereiro o Grupo Internacional de Apoio à Síria, do qual formam parte, entre outros, Estados Unidos e Rússia, decidiu permitir a entrada imediata da ajuda humanitária para os civis.
Em virtude deste acordo, está previsto que uma centena de caminhões cheguem nesta quarta-feira a algumas cidades cercadas.