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Eagles of Death Metal volta a Paris 3 meses depois do atentado ao Bataclan

Visivelmente muito emocionado, o vocalista do grupo, Jesse Hughes, não falou nada ao chegar ao palco

O grupo americano Eagles of Death Metal, que nesta terça-feira fez seu primeiro show em Paris desde a noite de 13 de novembro na casa de espetáculos Bataclan, parou de tocar no meio de uma música dizendo: "vamos tirar um instante para lembrar".

Visivelmente muito emocionado, o vocalista do grupo, Jesse Hughes, não falou nada ao chegar ao palco. O grupo tocou "I only want you" mas parou no meio da canção. "Vamos tirar um instante para lembrar, depois vamos começar a tocar", disse Joss Homme, co-fundador do grupo, atrás da bateria.

Hughes e os outros membros do grupo foram recebidos pela plateia com uma imensa salva de palmas.

O grupo californiano retomou no sábado sua turnê internacional que foi brutalmente interrompida com os atentados que deixaram 130 mortos em Paris, sendo 90 na casa de espetáculos em que se apresentava.

O Eagles of Death Metal (também conhecido pela sigla EODM) se apresentou no mítico Olympia de Paris, na presença de sobreviventes da matança e parentes das vítimas, que foram convidados pela produção.

No início de dezembro, o EODM interpretou duas canções no show do U2 em Paris, mas a apresentação desta terça-feira foi a primeira do grupo na França depois do massacre.

Como aconteceu no Bataclan, a dupla austríaca White Miles abriu o show.

Rebatizada "Nos Amis Tour" (Nossos Amigos Tour), em francês, as apresentações também cruzarão o Atlântico e acontecerão em Bogotá, São Paulo, Buenos Aires e Santiago.

- Psicólogos a postos -

Antes da apresentação, Jesse Hughes disse que acreditava que o show seria uma espécie de terapia. Mas, para alguns sobreviventes, às vezes é mais difícil.

"Há pessoas que consideram isso importante, faz parte do processo de reconstrução, mas também há muita gente para quem é muito cedo ou que ainda não está em condições", avaliou Alexis, membro da associação "Life for Paris", que agrupa os sobreviventes.

"Para muitos, eu entre eles, ir será uma decisão de último minuto", acrescentou.

Clotilde, outra sobrevivente do ataque no Bataclan, decidiu não ir, apesar de ter recebido um convite. Ainda abalada, diz que está assustada com o importante dispositivo de segurança anunciado.

As autoridades instalaram um perímetro de segurança ao redor do Olympia.

Para Carole Damiani, psicóloga e diretora da associação "Paris ajuda as vítimas", os sobreviventes, muitos dos quais não foram a nenhum outro show desde então, poderiam reviver o trauma do fatídico dia e ter reações inesperadas.

"Para ajudá-los, uma equipe de 30 pessoas, incluindo psicólogos, estará no local durante toda a noite", afirma a psicóloga.

O grupo disse ainda que espera ser o primeiro a se apresentar no Bataclan quando a casa de espetáculos voltar a abrir suas portas, provavelmente no final de 2016.