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Otan examirará pedido de Turquia e Alemanha sobre crise migratória

Até agora, a Otan se mantém à margem da crise migratória que desestabiliza a Europa, estimando que não tem mandato para vigiar as fronteiras

Bruxelas, Bélgica - A Otan examinará seriamente a petição de ajuda da Turquia e da Alemanha para fazer frente à Crise migratória, declarou nesta terça-feira o secretário-gerak da organização, Jens Stoltenbeng, em coletiva de imprensa.

[SAIBAMAIS]"O ministro turco (da Defesa) nos dará mais detalhes. A crise migratória é algo que preocupa a todos. Acredito que consideraremos muito seriamente todo o pedido da Turquia e de outros aliados para ver como a Otan pode ajudá-los a lidar com a crise", disse Stoltenberg na véspera de uma reunião ministerial da Aliança em Bruxelas.

Stoltenberg completou que falou com os ministros da Defesa turco e alemão nesta terça-feira e estimou que os 28 ministros da Aliança "discutirão o pedido da Turquia e acordarão como poderão tratá-lo".

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse na segunda-feira em Ancara que junto às autoridades turcas pediriam nesta semana a ajuda da Aliança para lutar contra os traficantes de pessoas frente às costas turcas. "Vamos aproveitar a reunião de ministros da Defesa da Otan (...) para determinar como e em que medida esta pode ajudar a supervisionar o mar, em apoio ao trabalho da Frontex e dos guarda-costas turcos", declarou Merkel na Turquia.

A Otan se mantém até agora à margem da crise migratória que desestabiliza a Europa, estimando que não tem mandato para vigiar as fronteiras e combater as redes criminosas. Mas dentro do conflito da Síria, a Otan reforçou seu apoio militar à Turquia, membro da Aliança desde 1952.

Stoltenberg recordou que em dezembro os Aliados aprovaram um pacote de medidas para sossegar este membro chave da Otan depois que a Rússia lançou uma massiva campanha militar contra os rebeldes que combatem o regime de Bashar Al-Assad.

As medidas incluem uma mobilização de aviões de vigilância do tipo AWAC, patrulhas aéreas e um esforço da presença marítima no Mediterrâneo Central.

O pedido de Berlim e Ancara surpreendeu os corredores da Aliança, informaram fontes diplomáticas, informando que os ministros, que reúnem-se na quarta-feira e na quinta-feira esperam mais detalhes.

Mais de um milhão de migrantes chegaram à Europa em 2015, em sua grande maioria em perigosas travessias pelo mar Egeu, desde as costas turcas até as gregas. Ao longo do ano, mais de 70.000 migrantes chegaram por mar à Grécia, segundo a Organização Internacional para as Migrações, desde onde continuam seu caminho até o norte do continente.

A Comissão Europeia, que há meses elabora projetos e medidas para frear o fluxo de migrantes, informou que dava as boas-vindas a todo tipo de discussão sobre possíveis medidas que contribuam para resolver a crise dos migrantes, salvar vidas no mar e melhorar o controle dos fluxos migratórios nas fronteiras.