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Na falta de presidente eleito, Haiti acorda governo de transição

O acordo foi motivado pelo adiamento da realização do segundo turno, à qual se somou a necessidade de eleger um novo Conselho Eleitoral Provisório. Seis dos nove membros desse órgão renunciaram.

A horas do fim do mandato do presidente do Haiti, Michel Martelly, integrantes das duas câmaras do Congresso assinaram, neste sábado, um acordo para um governo de transição que vai preparar o segundo turno da eleição presidencial.

O acordo de quatro páginas contempla que o Congresso eleja um presidente interino, para 120 dias, enquanto o governo seguirá atuando. O texto prevê ainda a celebração do segundo turno da eleição presidencial em 24 de abril e que o novo presidente assuma em 14 de maio.

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O presidente do Senado, Jocelerme Privert, destacou, porém, que se trata de uma proposta. "É o conselho eleitoral que deve estabelecer o calendário eleitoral", disse ele à AFP.

O acordo foi motivado pelo adiamento da realização do segundo turno, à qual se somou a necessidade de eleger um novo Conselho Eleitoral Provisório. Seis dos nove membros desse órgão renunciaram.

"Vamos ter uma reunião na manhã do domingo na Assembleia Nacional para que registre o final do mandato do presidente Martelly e para pedir ao primeiro-ministro e ao governo que se mantenham no cargo", explicou Privert.

"A eleição do presidente interino vai acontecer depois disso", completou, sem definir uma data para a votação que o Congresso fará.

"A situação no Haiti é excepcional e requer uma solução excepcional", manifestou o chefe da missão especial da Organização dos Estados Americanos (OEA), Ronald Sanders.

"Estamos encantados com que todos os atores estejam comprometidos com a democracia, com a paz e com a estabilidade no contexto de vácuo institucional criado pela ausência de um presidente eleito para substituir Martelly", completou.

País mais pobre da América, o Haiti também precisa angariar recursos para arcar com a organização das futuras eleições.

O processo eleitoral ainda não concluído custou 100 milhões de dólares doados em sua maioria pela comunidade internacional.

Depois do primeiro turno das eleições em 25 de outubro - classificado como "uma farsa ridícula" pelo candidato opositor Jude Célestin -, o segundo turno acabou sendo adiado de 27 de dezembro para 24 de janeiro. Foi adiado mais uma vez e ainda não há data prevista.

Célestin enfrenta o candidato da situação, Jovenel Moise.