Bogotá, Colômbia - O governo de Bogotá buscará, em sua próxima reunião com os Estados Unidos, acertar um novo "Plano Colômbia" com fundos americanos para "consolidar la paz" após um possível acordo com as Farc para acabar com o conflito armado de meio século.
A informação foi dada pelo ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas.
O apoio americano vai se concentrar na ajuda para substituir os cultivos de coca, em fundos para o sustento dos guerrilheiros desmobilizados e ajuda militar para combater as quadrilhas de traficantes, adiantou Villegas em uma entrevista ao jornal El Tiempo, publicada neste domingo.
"Seria um Plano Colômbia para consolidar e sustentar a paz", afirmou o ministro.
"Este plano precisaria de muitos elementos: militares, sociais, de desenvolvimento econômico, de justiça", acrescentou.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, se reunirá na quinta-feira em Washington com o seu colega americano, Barack Obama, com quem celebrará o 15; aniversário do histórico "Plano Colômbia", um programa bilateral de cooperação militar e econômica para combater o tráfico de drogas.
Na reunião, esperam-se as definições de uma "nova relação com os Estados Unidos", que ajude a Colômbia a implementar os acordos alcançados com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas).
Segundo Villegas, seu país necessita de ajuda internacional para garantir uma vida decente aos guerrilheiros enquanto se desmobilizam, como foi feito em El Salvador após o fim da guerra civil (1980-1992).
"É uma maneira de substituir os ingressos ilegais da extorsão e mineração ilegal por algumas somas bastante austeras, mas dignas. Não se trata de um salário decente para cada guerrilheiro, mas uma assistência que possa ser verificada internacionalmente: mecanismos para abastecimentos e atenção", declarou.
Também irá buscar apoio internacional para "substituir o plantio de coca por uma agricultura produtiva" e fortalecer a justiça colombiana.
Em termos de cooperação militar, a Colômbia pedirá ajuda para reforçar a presença das forças armadas nos territórios que serão deixados pelas Farc, e a intensificação da luta contra os grupos de narcotráfico que exportam e distribuem cocaína para consumo doméstico.
O governo colombiano e os guerrilheiros concordaram em selar no próximo 23 março, o mais tardar, um acordo final para acabar com um conflito interno, no qual também participaram forças paramilitares e estaduais, e que sempre esteve permeado pela tráfico de drogas.
Neste sentido, o líder máximo das Farc, Timoléon Jiménez, "Timochenko", espera que após a assinatura do acordo de paz, 99% dos guerrilheiros se desmobilizem, segundo afirmou em uma entrevista à revista Semana.
"Eu não descarto que um ou outro descarrile. Isso é normal", acrescentou em relação ao 1% restante.
A Colômbia recebeu 9 bilhões de dólares em fundos dos Estados Unidos como parte do "Plano Colômbia", que fortaleceu as forças armadas colombianas e apoiou a fumigação maciça de plantações de coca, principalmente no governo do presidente Alvaro Uribe (2002-2010).
Apesar de os níveis de segurança interna tenham melhorado substancialmente, a Colômbia continua a ser o maior produtor mundial de coca, insumo para a cocaína. Segundo as Nações Unidas, o país exportou cerca de 442 toneladas desta droga em 2014, 52% a mais que no ano anterior.