O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, criticou duramente nesta terça-feira (26/01) a continuação da colonização israelense na Cisjordânia ocupada e exigiu o congelamento da construção de assentamentos.
Durante um debate no Conselho de Segurança sobre o Oriente Médio, Ban disse que estava "profundamente preocupado" com os novos projetos israelenses de construção de moradias na Cisjordânia, chamando-os de "iniciativas provocativas". "Estas iniciativas provocativas só vão aumentar a tensão e minar qualquer perspectiva de solução política" ao conflito, estimou.
"Para avançar em direção à paz é necessário congelar a política de colonização", afirmou o secretário. A continuação da construção de assentamentos "é uma afronta ao povo palestino e à comunidade internacional (...) e levanta questões básicas sobre o compromisso de Israel para com uma solução de dois Estados". De acordo com Ban, "as partes devem agir, atuar imediatamente, para evitar que a solução de dois Estados não desapareça para sempre".
O chefe da ONU exortou os palestinos a se reconciliarem e os países doadores a financiarem mais generosamente a reconstrução de Gaza, cuja situação humanitária é "perigosa" para a segurança regional. Ele também reiterou a sua condenação aos ataques há vários meses por palestinos contra civis israelenses, e os tiros disparados a partir de Gaza contra Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não tardou a reagir às críticas e acusou o secretário-geral de "incentivar o terrorismo". "Os comentários do secretário-geral da ONU incentivam o terrorismo", afirmou Netanyahu em um comunicado. "Não há justificativa para o terrorismo. Os assassinos palestinos não querem construir um Estado, querem destruir um Estado", ressaltou o primeiro-ministro de Israel.
O ministério israelense da Defesa acaba de aprovar a construção de 153 novas casas nas colônias da Cisjordânia ocupada - informou nesta segunda-feira um porta-voz da organização israelense contrária à colonização A Paz Agora. Esta é a primeira vez em um ano e meio que o governo aprova planos para novas construções na Cisjordânia, segundo a ONG.
Adotados na semana passada, esses planos se referem a construções de residências perto da colônia de Ariel (norte), da colônia de Carmel, na região de Hebron, e no bloco de colônias de Goush Etzion, relatou o porta-voz da ONG, Hagit Ofran. Além disso, Israel está em processo de anexar 150 hectares de terras agrícolas no vale do Jordão, na Cisjordânia.
Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967. A coexistência dos cerca de 400.000 colonos israelenses com 2,5 milhão de palestinos é extremamente difícil. A expropriação de terras e, em geral, a colonização, que continua inabalável em todos os governos israelenses, são denunciados pelos palestinos e a comunidade internacional como um fator que compromete a viabilidade de um futuro Estado palestino e afeta diariamente a manutenção da paz.