Ao menos 15 pessoas foram assassinadas nesta quinta-feira (7/1), em um massacre de caráter étnico no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde os capacetes azuis da ONU e o exército nacional foram acusados mais uma vez de passividade ante os grupos armados. O drama aconteceu na madrugada desta quinta em Miriki, localidade de Kivu do Norte, a 100 km de Goma, capital da província.
As Forças Armadas da RDC (FARDC), as autoridades nacionais e o chefe local da comunidade Nande acusam os rebeldes hutu ruandeses das FDLR (Forças Democráticas de Libertação de Ruanda) de serem os responsáveis. "Todas as vítimas são da mesma etnia (nande) e isso deveria dizer algo às autoridades", declarou Georges Katsongo, presidente da ONG Sociedade Civil de Lubero.
Segundo fontes locais, os chefes nande do sul do território de Lubero, onde se encontra Miriki, se opõe há meses à volta dos deslocados hutu congoleses, acusados de querer conquistar áreas nande".
O chefe da localidade de Miriki, Gervain Paluku Murandia, disse ter perdido suas duas mulheres e sua filha mais velha no ataque, realizado com machados. Segundo ele, as mortes aconteceram na presença das FARDC e da Monusco, mas não houve qualquer intervenção. Esta informação foi desmentida por Charles Bambara, assessor de comunicação dos capacetes azuis.
O exército e a Monusco, posicionada no país desde 1999 e que conta com 20 mil efetivos, são acusados regularmente de não cumprir com suas obrigações vinculadas à proteção de civis. Em 2014, a missão da ONU apresentou desculpas e responsabilizou-se parcialmente pelo massacre de 32 pessoas de uma mesma etnia em Mutarule, Kivu do Sul. A comunidade nande acusa a comunidade hutu congolesa de conivência com os FDLR.