A justiça do Chile está à espreita de Natalia Compagnon, nora da presidente Michelle Bachelet, investigada por sonegação de impostos e tráfico de influência após fechar um milionário negócio imobiliário, num caso que mancha a imagem da líder chilena.
Os encargos contra Compagnon podem ser formalizados no final deste mês durante a investigação conduzida pelo promotor da cidade de Rancágua (sul), Luis Toledo, pela compra e venda de 44 hectares por parte da empresa Caval, da qual a nora de Bachelet detém 50%.
A audiência de formalização das acusações está agora agendada para 29 de janeiro, com nove acusados, incluindo Mauricio Valero, sócio de Compagnon na Caval junto a outros intermediários na venda dos terrenos, uma operação que reportou um lucro de cerca de cinco milhões de dólares antes de um novo desenvolvimento planejado de uso da terra. "É possível que possa ser formalizada" nas denúncias, disse o promotor a repórteres nesta quarta-feira (6/1).
O destino judicial da nora da presidente ficou ainda mais complicado na última segunda-feira (4/1), quando a Receita Federal entrou com uma queixa contra ela e cinco outras pessoas, por crimes relacionados com imposto de renda na contabilização de faturas da Caval por serviços não prestados e por que eles pararam de pagar impostos por cerca de 165 mil dólares.
"O caso Caval vai assombrar Bachelet pelo resto de sua vida. Caso a nora seja formalmente acusada ou não, o caso já marcou seu mandato atual. A situação só pode piorar, é impossível ficar melhor", disse o cientista político da Universidade Diego Portales Mauricio Morales.
A ação legal é parte da investigação pelo negócio imobiliário milionário feito pela empresa Caval, de propriedade de Compagnon, que trabalhou para o primogênito da presidente, Sebastián Dávalos, que no início de 2015 completou a venda de terrenos no sul do Chile por 15 milhões, com a perspectiva de uma mudança na regulação do solo.
"O escândalo Caval já causou um dano enorme a Bachelet quando veio à tona, em fevereiro de 2015. É uma espinha que continua encravada no coração da presidente e na credibilidade de seu governo", afirmou o professor da Universidade de Nova York Patricio Navia.
E embora Bachelet até agora não apareça vinculada ao caso, a revelação derrubou sua popularidade e a afetou emocionalmente por vários meses. "É como uma ferida e, de vez em quando, a ferida volta a abrir e sangra", agrega Navia.
Bachelet disse que não sabia dos negócios de sua nora e filho, que renunciou ao cargo não remunerado que exercia no governo da mãe, à frente das organizações sociais.