Os casos registrados em Colonia, destaque em toda a imprensa, complicam a tarefa da chanceler neste início de ano, com o ressurgimento do medo entre a opinião pública em consequência do fluxo sem precedentes de migrantes, procedentes da Síria, Iraque ou Afeganistão, e as dúvidas sobre a capacidade da Alemanha de integrá-los ao país. A polícia informou à Agência France Presse (AFP) que recebeu mais de 100 denúncias de mulheres agredidas na noite de 31 de dezembro.
[SAIBAMAIS]Merkel deve enfrentar na Baviera (sudeste) a fúria do braço local de sua coalizão política, a CSU, que a convidou para a primeira reunião do ano com o objetivo de voltar a explicar por que considera perigoso para o país a aposta nos refugiados. "Se os demandantes de asilo ou refugiados participam em agressões como as de Colonia, os atos devem representar o fim imediato de sua estadia na Alemanha", afirmou o secretário-geral da CSU, Andreas Acheuer.
Apesar da afirmação das autoridades de que não existem provas do envolvimento de refugiados nas agressões, os críticos da chanceler insistem em culpá-los, com base nos depoimentos de vítimas que mencionam criminosos de aparência "norte-africana" ou "árabe".
Após os incidentes, "a Alemanha já é suficientemente aberta ao mundo e multicolor para você, senhora Merkel?", perguntou em tom de ironia Frauke Petry, líder do partido populista Alternativa para a Alemanha, que avança nas pesquisas há vários meses e deve entrar em três parlamentos regionais nas eleições de março.
Imprensa preventiva
As teorias da conspiração ganham força na internet e entre os movimentos populistas, com acusações aos grandes meios de comunicação, que teriam optado pelo silêncio a respeito do ocorrido em Colonia, segundo os críticos, para não alimentar o discurso contrários aos migrantes.
Como acontece há vários meses no que diz respeito aos refugiados, vários sites de notícias optaram por fechar os comentários nas páginas com informações sobre o tema para evitar que se transformasse em verdadeiros fóruns de ofensas xenófobas ou racistas.
A polícia local não informou sobre os casos da noite de ano novo até segunda-feira, três dias depois, e não explicou a magnitude das agressões até terça-feira, o que irritou o ministério do Interior pela inércia das forças de segurança em 31 de dezembro.
O ministério afirmou que não devem existir tabus sobre a origem estrangeira dos agressores, mas também pediu que os refugiados não sejam estigmatizados. Outros atos similares de menor alcance foram denunciados em Hamburgo (norte) e em Stuttgart (sudoeste) em 31 de dezembro.
Neste cenário, a pressão sobre Merkel para que estabeleça um limite de demandantes de asilo continua crescendo, ainda mais quando, apesar do frio, a chegada de refugiados não diminui e permanece ao ritmo de milhares por dia. Em dezembro, o país recebeu 127.320 demandantes e no conjunto de 2015 um total de 1,1 milhão.