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Atentado suicida talibã com carro-bomba mata um e fere treze em Cabul

A ação visava "um comboio de tropas estrangeira", informou Najib Danish, do ministério do Interior

Cabul, Afeganistão - Um ataque suicida talibã com carro-bomba, que visava um comboio da Otan, matou nesta segunda-feira (28/12) um civil em Cabul, um dia depois do anúncio de uma iniciativa destinada a retomar o processo de paz com os rebeldes. O ataque, que ocorreu perto do aeroporto da capital afegã, "matou um civil e feriu outros 13", informou Abdul Basir Mujahid, porta-voz da polícia de Cabul.

[SAIBAMAIS]A ação visava "um comboio de tropas estrangeira", informou Najib Danish, do ministério do Interior. O Talibã ataca com frequência comboios de soldados estrangeiros destacados no país, que eles chamam de "invasores".

Os insurgentes, pela voz do seu porta-voz habitual Zabiullah Mujahid, reivindicaram a responsabilidade pelo ataque no Twitter e afirmaram que "vários" soldados estrangeiros haviam perecido. O Talibã muitas vezes exagera no saldo dos ataques que comete contra a Otan. Questionada pela Agência France Presse (AFP), a Aliança Atlântica disse "investigar" o ataque, sem dar mais detalhes.

Há uma semana, seis soldados americanos da missão da Otan foram mortos em um ataque suicida orquestrado pelos insurgentes perto da base de Bagram, ao norte de Cabul. Mas o ataque desta segunda-feira acontece um dia depois da visita a Cabul de Raheel Sharif, chefe do Estado Maior do Exército do Paquistão, cujo país é percebido no Afeganistão como o "padrinho" do Talibã.

Rahel Sharif conversou com o presidente Ashraf Ghani e com o chefe do executivo, Abdullah Abdullah, e os três concordaram em organizar uma "reunião na primeira semana de janeiro" para relançar as conversações de paz com os talibãs afegãos.

A presidência afegã precisou em um comunicado que representantes paquistaneses, americanos, chineses e de seu país participarão desta reunião, cujo local não foi revelado. Os talibãs ainda não reagiram ao anúncio.

Papel crucial do Paquistão
Cabul estima que não pode deixar de fora seu vizinho Paquistão para reativar as conversações de paz, destinadas a acabar com uma revolta talibã que perdura desde a queda do regime, em 2001.

O Paquistão recebeu no último verão (do hemisfério norte), em seu território, discussões sem precedentes entre o governo afegão e os talibãs, sob os auspícios da China e dos Estados Unidos. Uma segunda rodada deveria acontecer, mas foi adiada por tempo indeterminado após o anúncio da morte do mulá Omar, fundador do movimento Talibã.

Depois dos sinais de uma reaproximação com Islamabad, no início de seu mandato no ano passado, o presidente afegão acusou o Paquistão neste verão de estar por trás de uma série de ataques mortais em Cabul. Mas no início deste mês, Ghani foi a uma cúpula regional em Islamabad, onde se encontrou com o primeiro-ministro Nawaz Sharif, e expressou a sua vontade de retomar o diálogo com o Talibã.



Os rebeldes ampliaram seu combate para todo o Afeganistão desde a primavera e não se restringem mais a enfrentar as forças de segurança afegãs em seus redutos no leste e sul do país.

Eles conseguiram invadir e assumir o controle da grande cidade de Kunduz, no norte do país, por três dias no final de setembro.

De acordo com analistas consultados pela AFP, a insurgência talibã aumentou nos últimos meses para chegar em posição de força em eventuais negociações com o governo em Cabul.