Beirute, Líbano - Um total de 4 mil pessoas, tanto civis quanto milicianos jihadistas, serão evacuadas neste sábado de três bairros de Damasco, um dia após a morte de um líder rebelde em um bombardeio aéreo do regime sírio.
Golpe para os diálogos de paz
Geralmente vestido de farda e usando uma barba negra, Zahran Allush, de 44 anos, era filho de um pregador salafista que vive na Arábia Saudita. Foi detido pelo regime em 2009 e libertado em junho de 2011 no âmbito de uma anistia geral, três meses após o início do conflito sírio, que já deixou mais de 250 mil mortos. O movimento que dirigia, Jaish al-Islam, de inspiração salafista, é profundamente antialauita (o braço do xiismo professado pelo presidente Assad. Embora a princípio tenha se mostrado partidário da implantação de um Estado islâmico, recentemente adotou uma retórica mais moderada.
Hostil à organização EI, o grupo executou em julho vinte jihadistas, imitando a cenografia macabra de seus adversários; em novembro utilizou civis alauitas e soldados do regime como escudos humanos para evitar os bombardeios. A morte de seu líder ocorre pouco depois que o exército sírio, que desde 30 de setembro conta com o apoio dos bombardeios russos, anunciou o início de uma grande operação para reconquistar o leste da capital.
Jaish al-Islam forma parte das organizações que participarão em janeiro dos diálogos organizados pela ONU em Genebra para conquistar um acordo que coloque fim ao conflito. Para o especialista Aron Lund, a morte de Allush "pode afetar o processo de paz, desestabilizando o Jaish al-Islam e debilitando-o". "As negociações precisavam de um envolvimento por parte de extremistas como Zahran Allush para que fossem críveis", acrescentou, informando que "no seio da rebelião síria, Allush era um dos poucos que havia conseguido centralizar (o poder)".