A associação alemã de professores defendeu nesta sexta-feira (18/12) que a edição crítica de "Minha luta" (no original "Mein Kampf"), de Hitler, seja ensinada nas escolas para "vacinar" os adolescentes contra o extremismo político.
O discurso antissemita do líder nazista não era editado na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mas uma edição crítica revisada será publicada em 2016. Os direitos autorais estiveram durante 70 anos nas mãos do estado da Baviera, que se recusou a autorizar a reimpressão do livro. Em 2015, os direitos autorais foram liberados.
O Instituto de História Contemporânea de Munique pretende publicar em janeiro uma "edição crítica" de "Minha luta" que agrega contexto com comentários históricos em cerca de 3.500 notas de rodapé.
A associação de professores propõe que trechos selecionados sejam ensinados a estudantes com mais de 16 anos, segundo a edição on-line do jornal econômico "Handelsblatt".
O panfleto pode ser incluído nos programas de aula e apresentado por experientes professores de História e de Política, o que contribuiria, de acordo com a associação, para "vacinar os adolescentes contra o extremismo político".
A prominente líder da comunidade judaica alemã Charlotte Knobloch se opõe à ideia e declarou ao "Handelsblatt" que usar a "profunda diatribe antissemita" como material escolar pode ser irresponsável. Em tempos de aumento do populismo de extrema direita, ensinar valores humanistas e princípios democráticos é indispensável, argumentou.
"Uma análise crítica de ;Minha luta;, essa antítese da humanidade, da liberdade e da abertura ao mundo pode aumentar a resistência frente a essas tentações e a esses perigos", acrescentou Ernst Dieter Rossmann, um socialdemocrata de centro-esquerda, em entrevista ao mesmo jornal.