As forças iraquianas consolidaram nesta quarta-feira (9/12) suas posições em um bairro-chave da cidade de Ramadi, poucas horas depois de tê-lo tomado das mãos do grupo Estado Islâmico, com o apoio da coalizão internacional. As forças leais ao governo de Bagdá conseguiram tomar o setor de Tamim, situado no sudoeste desta cidade localizada a 100 km de Bagdá.
Este avanço é uma etapa importante na tentativa de reconquistar Ramadi, uma cidade que se encontra sob controle jihadista desde maio de 2015 e que até agora era um dos núcleos de seu alto proclamado califado. Enquanto prossegue a ofensiva na região, forças locais vindas da província de Anbar tomaram o controle do território reconquistado, afirmou à AFP Ali Dawud, um conselheiro da província vizinha. Esta força é composta por 500 combatentes, segundo fontes militares.
A reconquista do bairro de Ramadi começou na véspera, depois de intensos combates entre as forças leais ao governo de Bagdá e jihadistas extremistas. Capital da vasta província ocidental de Al-Anbar, Ramadi, uma cidade que se estende ao longo do rio Eufrates, em uma planície fértil, foi conquistada em maio de 2015 pelos jihadistas do EI, uma dolorosa derrota para o exército iraquiano.
Segundo os militares, a libertação de Tamim vai nos ajudar a acelerar a recuperação de toda a cidade de Ramadi. Para isso é necessário atravessar o braço do Eufrates que separa Tamin de outro bairro ainda tomado pelo EI. Antes de continuar a avançar, as forças iraquianas trabalham em desarmar dispositivos explosivos espalhados pelos jihadistas em Tamim.
A estratégia dos extremistas é deixar muitas armadilhas para continuar a matar soldados e civis, mesmo depois de sua partida. Grandes quantidades de armas e munições foram apreendidas, de acordo com o general Rasool. A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos intervém no Iraque contra o EI e já realizou 45 ataques na região de Ramadi para apoiar o avanço das tropas iraquianas.
Uma vitória em Ramadi é crucial para o governo do primeiro-ministro Haider al-Abadi, após a derrota humilhante de seu exército nesta cidade. A ofensiva para retomar Ramadi foi lançada há meses. Os jihadistas do EI se apoderaram de grandes áreas no Iraque, incluindo a segunda maior cidade do país, Mossul, desde junho de 2014.
Seis meses antes conquistaram a cidade de Fallujah, localizada na província ocidental de Al-Anbar, na fronteira com a Síria, onde também assumiu o controle de grandes áreas.
O número de combatentes jihadistas estrangeiros na Síria e no Iraque mais do que duplicou em um ano e meio, chegando a, pelo menos, 27 mil, de acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira pela Soufan Group, um instituto americano especializado em inteligência. Em meados de novembro, as forças curdas iraquianas retomaram a cidade de Sinjar, no norte.
Os ataques aéreos, envio de conselheiros militares e armas do exterior são considerados por especialistas como cruciais na batalha contra o EI, mas o primeiro-ministro iraquiano desempenha a difícil tarefa de equilibrar a defesa da soberania nacional com o apoio exterior.
Neste sentido, uma polêmica se arrasta há vários dias em Ancara sobre a entrada de tropas turcas no Iraque. Bagdá exigiu no domingo a retirada dessas tropas, que entraram ilegalmente no Iraque, senão Ancara enfrentará "todas as opções", incluindo um apelo ao Conselho de Segurança da ONU.
Mas as autoridades turcas sugeriram que não estavam prontas a retirar estas tropas, que contariam com entre 150 e 300 soldados perto de Mossul. A Turquia dispõe ainda, com a aprovação de Bagdá, de conselheiros militares no Iraque para formar voluntários sunitas para tomar Mossul do EI.