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Maduro pede renúncia de gabinete após derrota eleitoral

O chavismo sofreu sua derrota mais severa da história nas eleições legislativas de domingo (6/12)

Caracas, Venezuela - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta terça-feira a renúncia de seus ministros para que haja a "reestruturação necessária" do governo, após a contundente vitória da oposição nas eleições legislativas de domingo passado.

"Peço a todos do Conselho de Ministros que entreguem seus cargos para que haja um processo de reestruturação, renovação e impulso profundo de todo o governo nacional", disse Maduro em seu programa semanal na TV. "Isto é o que quero: uma agenda para a nova etapa da revolução, de profunda retificação, de sacudimento, caralho" - manifestou o presidente.

O chavismo sofreu sua derrota mais severa da história nas eleições legislativas de domingo, nas quais a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) obteve uma maioria de dois terços na Assembleia Nacional, acabando com 16 anos de hegemonia.



Mais cedo, Maduro - cujo mandato termina em 2019 - convocou o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) para uma jornada de consultas na quinta-feira, visando fazer "críticas e autocríticas construtivas" que definam ações de retificação do modelo socialista.

Ao anunciar que a "revolução entra em uma nova etapa", Maduro precisou que o processo interno de consultas deverá definir estratégias em matéria econômica e política, como medidas contra "a burocracia" e a "corrupção", assim como sobre a Assembleia, que agora está nas mãos da "contra-revolução".

O último boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) informa que de um total de 167 cadeiras da Assembleia, 109 correspondem à Mesa da Unidade Democrática, e três foram para indígenas de partidos regionais vinculados à coalizão opositora. O Partido Socialista Unido obteve apenas 55 cadeiras.

Com este número de deputados, o bloco opositor supera a marca de dois terços necessária para grandes atribuições, como criar ou suprimir comissões permanentes, aprovar e modificar leis orgânicas, submeter a referendo tratados internacionais e projetos de lei, remover magistrados do Supremo Tribunal de Justiça, designar os integrantes do CNE, aprovar projeto de reforma constitucional e até buscar retirar de maneira antecipada o presidente do poder.

Esta é uma situação inédita em um Parlamento que foi dominado pelo governo de esquerda desde 1999, quando Hugo Chávez, que faleceu em 2013, chegou ao poder.