Uma centena de representantes de grupos opositores sírios -incluindo os islamitas radicais - políticos e militares estão reunidos na Arábia Saudita para tentar unificar posições a respeito de possíveis negociações com o regime de Bashar al-Assad.
O encontro rejeitou a presença das organizações consideradas "terroristas", como o Estado Islâmico (EI) e a Frente Al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda. Nenhum grupo curdo foi convidado, assim como outras facções. No entanto está prevista a participação do poderoso grupo insurgente Jaish al-Islam, apoiado pela Arábia Saudita.
Segundo o ministério saudita das Relações Exteriores, um convite foi enviado a "todas as facções da oposição síria moderada, de todos os partidos, correntes, grupos étnicos e confessionais, na Síria e no exterior". Esta concentração de líderes políticos e militares da oposição não tem precedentes desde o início do conflito em 2011, que provocou mais de 250 milmortes e o exílio de milhões de pessoas.
Vinte membros da Coalizão Nacional, com sede em Istambul e que aglutina o maior número de opositores, participarão nas reuniões, que coincidem com a 36; reunião de cúpula anual dos seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) prevista para começar na quarta-feira, também em Riad. Hisham Marwa, número dois da Coalizão Nacional, não descarta uma reunião preparatória nesta terça-feira, antes dos dias de debates. A Arábia Saudita espera resultados concretos. O reino declarou oferecer "todas as facilidades possíveis" para permitir à oposição formar "de maneira independente" uma plataforma para poder negociar com Damasco.
Em meados de novembro, representantes de 17 países fixaram em Viena um calendário que prevê um encontro até 1; de janeiro entre representantes da oposição síria e do regime, seguido de um cessar-fogo, a formação de um governo de transição em seis meses e a celebração de eleições em 18 meses. A próxima reunião internacional pode acontecer em 18 de dezembro em Nova York.
De acordo com Charles Lister, analista e colaborador do Brookings Doha Center, os encontros de Riad tentarão "estabelecer uma estrutura política unificada entre a oposição política reconhecida e a armada". Samir Nashar, membro da Coalizão Nacional, principal grupo de opositores no exílio, chamou o encontro de "missão difícil e arriscada". O objetivo é alcançar "uma posição clara e comum sobre o futuro da Síria, a transição e Bashar al-Assad", declarou à AFP. Mas ele teme que alguns participantes próximos aos países que apoiam o regime de Damasco solicitem a manutenção de Bashar durante a transição, "o que poderia colocar a reunião em perigo".
Vários grupos apoiados por Estados Unidos, Arábia Saudita e Catar exigem a renúncia do presidente Assad, uma condição rejeitada por Irã e Rússia. Ao mesmo tempo, a oposição com base na Síria e tolerada pelo regime afirma que o futuro de Assad deve ser decidido pelo povo sírio.