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Estados Unidos buscam entender nova tragédia sem descartar terrorismo

Pelo menos 14 pessoas morreram, e outras 20 ficaram feridas na quarta-feira em um tiroteio em um centro para deficientes localizado na cidade de San Bernardino, cerca de 100 km ao leste de Los Angeles

San Bernardino - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira que "é possível" que a tragédia de ontem em San Bernardino, na Califórnia, tenha sido um ato "ligado ao terrorismo", enquanto o país procura entender as motivações dos agressores.

"É possível que esteja ligado ao terrorismo, mas não sabemos. Também é possível que tenha a ver com o local de trabalho", disse o presidente em uma breve declaração na Casa Branca, acrescentando que o FBI, a Polícia Federal Americana, está encarregada da investigação.



Pelo menos 14 pessoas morreram, e outras 20 ficaram feridas na quarta-feira em um tiroteio em um centro para deficientes localizado na cidade de San Bernardino, cerca de 100 km ao leste de Los Angeles.

A Polícia abateu os dois suspeitos, um casal, após várias horas de perseguição em uma gigantesca operação que mobilizou centenas de agentes locais, do FBI e de unidades de elite SWAT.

"Nesse ponto, ainda não sabemos por que esse terrível fato aconteceu", disse Obama, após se reunir com seu Conselho de Segurança Nacional, um dia depois do tiroteio. A Polícia também não descartou a pista terrorista.

"Sabemos que os dois indivíduos que foram abatidos estavam equipados com armas, e parece que tinham acesso a outras armas em sua residência", explicou o presidente. "Mas não sabemos por que fizeram isso, não conhecemos sua motivação".

Hoje, a procuradora-geral americana, Loretta Lynch, declarou que "uma violência como essa não tem lugar neste país e nesta nação".

O país se pergunta porque Syed Farook e sua esposa Tashfeen Malik invadiram, com toda a pompa de um comando, um prédio do serviço social de San Bernardino, onde acontecia uma festa de fim de ano, depois de deixar o seu bebê com a avó.

Os dois, fortemente armados, abriram fogo contra colegas de Farook matando 14 pessoas e ferindo outras 20, no pior massacre nos Estados Unidos nos últimos três anos.

Um dos imames da mesquita na qual Syed Farook rezava, Mahmood Nadvi, afirmou nesta quarta-feira que jamais detectou sinais de radicalização no jovem.

"Nunca vimos sinais de radicalização" em Farook, disse Nadvi, 39 anos, encarregado de conduzir as leituras na mesquita Dar Al Uloom Al Islamiyah da cidade de San Bernardino.

"Os atos que vimos não representam o que diz o Alcorão. Eles mataram irmãos e irmãs", acrescentou o religioso.

Desde 2013, Farook comparecia duas ou três vezes por semana nesta mesquita, geralmente para a oração das 13H00, porque coincidia com seu horário de almoço.

"Era um homem reservado, tímido, tranquilo, simples, que nunca faltava ao respeito com ninguém", contou Gasser Shehata, 42 anos, que frequenta a mesquita.

A pequena comunidade muçulmana de San Bernardino, onde vivem cerca de 210 mil pessoas, tem medo de represálias após o massacre cometido por Farook e Malik.

"Pedimos à polícia que amanhã garanta a segurança da nossa mesquita" para a oração de sexta-feira, a mais importante da semana, explicou Shehata.