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OMC reconhece falta de progressos a três semanas da conferência de Nairóbi

A reunião é realizada a cada dois anos e, pela primeira vez na África

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevedo, reconheceu nesta quinta-feira que nenhum progresso foi constatado nas negociações preparatórias para a Conferência ministerial da organização em Nairóbi (15 a 18 de dezembro). "Será preciso lutar seriamente" para atingir um resultado e refletir sobre "o nosso futuro", disse ele numa coletiva de imprensa em Genebra.

Questionado sobre as chances de sucesso em Nairóbi, enquanto ainda há "uma série de lacunas a preencher", Azevedo respondeu que era um "homem realista". "Não tenho a intenção de apresentar uma lista dos meus desejos quanto aos resultados da conferência", realizada a cada dois anos e, pela primeira vez na África, acrescentou o brasileiro.

Os países-membros da OMC, encarregada de arbitrar disputas comerciais internacionais, permanecem divididos sobre quase todos os assuntos, e isso não é necessariamente uma divisão Norte-Sul, ressaltou. Para cada dossiê, há campos opostos, compostos por países em desenvolvimento e países desenvolvidos.

[SAIBAMAIS]O diretor-geral espera, no entanto, que um pacote possa ser amarrado em Nairóbi, em favor dos países mais pobres (PMA, países menos avançados). Mas nenhum progresso está garantido, sobretudo quanto aos subsídios às exportações agrícolas ou a segurança alimentar, pontuou.

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De acordo com Azevedo, a questão importante é saber o que vai acontecer depois de Nairóbi, nomeadamente no que diz respeito a agenda de Doha. Esta agenda é composta de questões pendentes da rodada de negociações comerciais de Doha, lançada em 2001 na capital do Catar e que ainda não foi concluída.

Em julho passado, os países-membros da OMC voltaram a não concordar com esta agenda. Permanecem ainda diferenças significativas sobre a agricultura e o acesso aos mercados dos produtos industriais, duas questões que opõem os países industrializados aos em desenvolvimento há anos.

Os membros da OMC estabeleceram a data de 31 de julho para chegar a um acordo sobre um programa de trabalho para concluir a rodada da Doha. Este prazo foi prorrogado, na prática, para a conferência ministerial em Nairóbi. Para Azevedo, os países devem decidir como vão continuar estas negociações.