Havana, Cuba - A Colômbia está mais perto do que nunca de chegar a um acordo para acabar com meio século de conflito armado, concordaram, nesta quinta-feira, o governo e a guerrilha das Farc, no terceiro aniversário de seus difíceis diálogos de paz em Cuba.
"As perspectivas de alcançar um acordo final brilham como nunca no horizonte da Colômbia", disse Iván Márquez, chefe negociador dos rebeldes, em uma coletiva de imprensa.
Humberto de la Calle, líder negociador do governo, também destacou este avanço sem precedentes na negociação de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) desde que esse grupo se voltou contra o Estado colombiano em 1964.
"Avançamos, como nunca antes, em um processo de paz com as Farc", celebrou de la Calle em mensagem por separado, lida para a imprensa em Havana, sede dos diálogos.
Este é o quarto processo de paz que impulsiona o governo colombiano em meio século de luta contra a principal guerrilha do país, com aproximadamente 7 mil combatentes.
Neste terceiro ano de diálogos, as partes reiteraram, no entanto, as dificuldade para selar um acordo definitivo, que o governo de Juan Manuel Santos acredita conseguir no primeiro semestre de 2016.
"O processo tomou mais tempo que o esperado, já é hora de terminar. Chegamos à reta final, mas não podemos negar que estamos diante dos temas mais complexos", advertiu de la Calle.
O processo tem uma agenda de seis pontos, dos quais três já foram acordados, embora, segundo Márquez, restem "28 ressalvas" a serem discutidas, além das três questões restantes: reparação das vítimas, desarmamento das Farc e abono dos acordos assinados em Cuba.
Mas para Carlos Antonio Lozada, membro da equipe negociadora da guerrilha comunista, já teria sido construído "mais de 90% do esqueleto desse acordo geral". "Avançamos consideravelmente na construção dos protocolos que desenvolvem essa negociação", disse.
Ainda assim, as Farc insistiram em apresentar "as nuvens" que se posicionam sobre os diálogos por conta do "unilateralismo" e a "teimosia intransigente" na busca de acordos.
O grupo guerrilheiro e o governo de Santos discordam substancialmente sobre o mecanismo para o abonamento. Enquanto as Farc advogam por uma Assembleia Constituinte, seu opositor intervém por um plebiscito.
A delegação do governo aproveitou a data para pedir aos rebeldes que interrompam as extorsões civis, em meio ao cessar fogo unilateral que mantêm desde o dia 20 de julho.
"É necessário que as Farc deem o seguinte passo: se reincorporem à vida civil, participem desarmados da construção de uma nova Colômbia", disse de la Calle.