Desde o início, o caso Pollard foi emblemático. "Pela primeira vez nos Estados Unidos, um americano foi julgado por espionagem em favor de Israel, uma pessoa que procede do meio da defesa e inteligência e, além disso, um judeu americano", recorda Arbell. Atrás das grades, Pollard se transformou em um ícone da direita israelense muitos cidadãos do país abraçaram sua causa.
Os documentos repassados por ele permitiram a Israel, por exemplo, bombardear em 1985 o quartel-general da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), na ocasião exilada na Tunísia, e matar o número dois do grupo, Abu Jihad, em Túnis em 1988.
Mas para o governo dos Estados Unidos, o espião provocou um dano considerável aos interesses americanos em plena Guerra Fria. De acordo com certas fontes, Pollard teria entregue a outros países, além de Israel, certas informações cruciais, que poderiam ter terminado nas mãos da União Soviética.
Durante anos, o espião foi um peão em negociações para a libertação de prisioneiros palestinos ou nas negociações de paz. Mas tais esforços sempre esbarraram na recusa de Washington. "Os presidentes americanos tentaram fazer dele um exemplo para afirmar que não tolerariam a espionagem de um país amigo", afirmou à AFP Michel Brenner, diretor do Centro de Estudos de Israel na American University de Washington.
O mistério agora diz respeito às intenções de Pollard depois da libertação. De acordo com os termos de sua libertação condicional, Pollard deve permanecer em território americano por cinco anos, exceto se o presidente Barack Obama o autorizar a deixar o país. Jerrold Nadler e Eliot Engel, dois congressistas judeus de Nova York, afirmaram que Pollard estaria disposto a renunciar à nacionalidade americana para viajar a Tel Aviv.