Genebra, Suíça - O aumento da resistência aos antibióticos representa "um imenso perigo para a saúde mundial", informou nesta segunda-feira (16/11) a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, apresentando a primeira pesquisa da organização sobre o tema. A resistência, afirmou Chan, "atinge níveis perigosamente elevados em todas as partes do mundo".
Durante coletiva de imprensa, ela explicou que cada vez mais os governos reconhecem que este fenômeno será daqui pra frente "uma das maiores ameaças para a saúde".
"As superbactérias rondam os hospitais e as unidades de cuidado intensivo do mundo inteiro", alertou Chan, lembrando que se nada for feito o mundo se dirigirá a uma "era pós-antibiótica, na qual as infecções poderão começar a matar".
A pesquisa, publicada nesta segunda-feira em Genebra, revela que qualquer pessoa pode um dia ser infectada por uma infecção resistente aos medicamentos.
A resistência aos antibióticos, também chamada resistência antimicrobiana, ocorre quando uma bactéria evolui e torna-se resistente aos antibióticos utilizados para tratar as infecções, segundo a OMS. Este problema global está principalmente relacionado ao uso excessivo de antibióticos e seu mau uso.
Mas quase metade (44%) das pessoas que participaram da pesquisa, que não pretende ser exaustiva e que foi realizada pela OMS em 12 países, acreditam que a resistência aos antibióticos é um problema apenas para as pessoas que abusam desse tipo de remédio.
Dois terços das pessoas entrevistadas também pensam que não há riscos de infecção resistente aos medicamentos nos indivíduos que tomam corretamente o tratamento antibiótico que foi prescrito.
"Na verdade, qualquer pessoa pode a qualquer momento e em qualquer país ser acometida por uma infecção resistente aos antibióticos", ressaltou a OMS, que lança de 16 a 22 de novembro a primeira "Semana mundial para o bom uso dos antibióticos".
Em abril passado, a OMS lamentou que os serviços de saúde no mundo não atuem corretamente contra o mau uso dos antibióticos, o que conforta a resistência aos medicamentos e leva a mortes causadas por doenças curáveis.
"Um dos maiores desafios sanitários do século XX, que vai precisar de uma mudança mundial de comportamento por parte dos indivíduos como sociedades", lembrou por sua vez o médico Keiji Fukuda, representante especial do diretor-geral para a resistência aos antimicrobianos.
Para chegar a isso, a OMS quer desmistificar as ideias que circulam sobre o assunto. Três quartos das pessoas entrevistadas acreditam assim que a resistência aos antibióticos ocorre quando o organismo torna-se resistente aos antibióticos. Na realidade, são as bactérias - e não os seres humanos ou os animais - que tornam-se resistentes aos antibióticos e sua propagação é a causa de infecções difíceis de tratar.
Para acabar com o fenômeno, a OMS recomenda tomar antibióticos apenas quando são prescritos por um médico, sempre fazer o tratamento até o final do prazo determinado, mesmo que o paciente já se sinta bem, não utilizar antibióticos de uma prescrição anterior e nunca compartilhar antibióticos com outras pessoas.