A brasileira Carolina Eduardo, de 24 anos, mora em Paris há um ano e dois meses e estava com uns amigos em um bar no distrito 11 - uma das áreas atacadas por terroristas na noite de sexta-feira (13/11). Para curtir a noite, o outro grupo de amigos da piauiense se dividiu: uma parte foi ao Stade de France, acompanhar o amistoso entre a França e a Alemanha, e ao Bataclan, onde acontecia um espetáculo. Ela diz que isso a deixou ainda mais preocupada, pois os dois destinos foram alvo dos atentados terroristas.
[SAIBAMAIS]Próximo ao estádio, foram jogadas três bombas. E na casa de shows, os terroristas atiraram e fizeram mais de 100 pessoas de reféns. Um dos colegas de Carol não sobreviveu ao ataque e foi executado dentro do teatro. No entanto, até o momento dessa publicação, ela ainda não sabia detalhes sobre como aconteceu. ;Eu fiquei sem bateria boa parte do tempo. Ainda estou assimilando tudo;, desabafa. A menina descobriu da morte do colega quando ainda estava no bar pela ligação de uma amiga. Ela permaneceu no estabelecimento porque o presidente da França, François Hollande, deu a ordem para que toda a população ficasse onde estivesse e não saísse nas ruas. A agonia de não ter certeza sobre a própria segurança e a dos amigos durou mais de três horas.
Maximilian, mais conhecido como Max, era francês do país Basco, e tinha 26 anos. Ele havia ido com o amigo Gabriel - um dos sobreviventes - ao Bataclan, mas foi uma das vítimas dos terroristas. Carol se recorda que foi tudo muito nebuloso e que ainda não sabia quantas pessoas haviam morrido nos atentados. Ela só percebeu a gravidade de toda situação quando ouviu sirenes de ambulância sem cessar, próximas ao bar. ;Estávamos perto de onde tudo aconteceu. Sem saber, eu ainda cheguei a dizer ;imagina se é outro ataque terrorista?;;, deduziu, porque quando ocorreu o ataque à redação do Charlie Hebdo, em janeiro deste ano, ela estava a dois quarteirões de distância do local e presenciou tudo.
Carol revela que os clientes do bar em que estava na noite de sexta-feira aparentavam estar tranquilos, bebendo e conversando normalmente durante os ataques. Ela, preocupada, questionou o garçom do estabelecimento sobre o comportamento ;normal; deles perante à situação, e ele disse: "recebemos a ordem que ninguém poderia sair dos estabelecimentos. Então, a melhor coisa que pode acontecer aqui é todo mundo ficar tranquilo aqui;.
Quando foram liberados para sair do bar, a brasileira revela que os funcionários disseram que não poderiam mais prender os clientes; ;todos estavam livres ou para sair ou para ficar. Só não poderiam dizer o que era melhor a se fazer;. Carol e os amigos demoraram mais de uma hora para conseguir pegar um táxi para voltar para casa. Durante o caminho, ela lembra que não parecia que estava acontecendo um ataque terrorista na cidade. ;Só escutávamos ambulância, mas as ruas estavam muito calmas. Não houve desespero. Achamos até esquisito;, desabafa. Ainda meio perdida, a brasileira tem medo de sair de casa e sente muito por todas as perdas e por tudo o que Paris tem vivido neste ano.