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Exército sírio rompe cerco do Estado Islâmico ao aeroporto de Aleppo

Jihadistas ocupavam o local desde abril de 2013

O exército sírio rompeu nesta terça-feira o cerco imposto há mais de dois anos pelo grupo Estado Islâmico (EI) ao aeroporto de Kweires, perto de Aleppo (norte), uma primeira vitória significativa sobre os jihadistas desde o início da intervenção russa.

No final da tarde desta terça-feira, neste aeroporto do norte do país, soldados atiravam para o ar em sinal de comemoração, constatou um fotógrafo que colabora com a AFP.

Os militares entraram no aeroporto pelo oeste, mas combatentes do EI continuam em outras áreas ao redor do aeroporto, segundo o fotógrafo.

"O Exército Árabe Sírio se juntou às forças de defesa da base aérea do aeroporto de Kweires", indicou a televisão pública, garantindo que os combatentes do EI haviam sido mortos.

Este aeroporto, a leste de Aleppo, foi cercado em abril de 2013 por uma coalizão rebelde. Depois de uma guerra entre jihadistas e grupos rebeldes em janeiro de 2014, o EI assumiu o cerco ao aeroporto.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), os combates prosseguem nesta terça à noite entre o exército e o EI no leste, norte e oeste do aeroporto.

A ofensiva para recuperar o controle do aeroporto, lançada no final de setembro, foi apoiada por combatentes iranianos, membros do Hezbollah xiita libanês e pelos ataques aéreos russos, indicou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Aliado inabalável do regime de Bashar al-Assad, a Rússia interveio em 30 de setembro no conflito, lançando ataques aéreos contra os jihadistas e rebeldes para ajudar o exército sírio a recuperar terreno.

Segundo Rami Abdel Rahmane, esta vitória, se confirmada, permitira à aviação russa mobilizar seus aviões neste aeroporto e ampliar seu poder de fogo na região de Aleppo.

Após tomar várias localidades com o apoio russo, o exército sofreu seguidas derrotas, perdendo cidades nas províncias de Hama (centro), Lattakia (oeste) e Idleb (noroeste).

Em Latakkia, reduto do regime sírio, pelo menos 22 pessoas morreram e 62 ficaram feridas na explosão de dois morteiros, de acordo com a televisão estatal.

Além disso, combates foram registrados no leste e norte da província de Latakkia entre grupos rebeldes e o exército sírio, apoiado pelo Hezbollah libanês.

É nesse reduto do regime onde está localizada a base de Hmeimim, onde estão estacionados os aviões e tropas russas.

A televisão síria exibiu imagens de uma calçada manchada de sangue, cheia de destroços de carros e vidro quebrado. Um dos morteiros caiu perto da universidade de Techrin.

"Eu estava esperando o ônibus com meus amigos quando a explosão ocorreu. Foi terrível (...) Comecei a correr e vi um corpo, do qual só sobrava as pernas", relatou à AFP Abir Selman, um estudante de literatura.

"O morteiro atingiu um estacionamento (...) Fomos jogados no chão. Havia mais de dez veículos em chamas e outros completamente carbonizados. Havia sangue por toda parte e as pessoas fugiam em todas as direções", acrescentou.

Além disso, em Damasco, outro reduto do regime, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas por projéteis disparados por rebeldes em vários distritos, segundo a agência oficial de notícias Sana.

E na cidade rebelde de Duma, um subúrbio de Damasco, quatro civis, incluindo uma criança, morreram em ataques de foguetes do exército, de acordo com OSDH.

Desencadeado em 2011, após a sangrenta repressão do regime a manifestações pedindo reformas, o conflito na Síria tornou-se cada vez mais complexo ao longo dos anos, com a multiplicação de atores, locais e estrangeiros, em uma área cada vez mais fragmentada. A guerra já matou mais de 250.000 pessoas e forçou a fuga de milhões de sírios.