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Hollande pede à China que convença emergentes reticentes antes da COP21

O presidente francês acredita que cabe à China convencer países, como a Índia que se recusa a parar seu crescimento econômico em detrimento da luta a favor do meio ambiente

Pequim, China - O presidente francês, François Hollande, pediu nesta terça-feira (3/11) para que a China convença os países que se mostram reticentes a se comprometer a favor do clima, a poucas semanas do início da Conferência sobre o Clima de Paris.

"Espero que a China possa, a partir da declaração publicada ontem (2/11) fazer, assim como nós, um trabalho de diálogo, de convicção diante de certos países que são determinantes para que se possa chegar a um acordo" na COP21, garantiu o chefe de Estado francês, François Hollande, em coletiva de imprensa em Pequim.

Hollande realiza uma visita oficial à China - um dos maiores emissores de gases de efeito estuda do mundo - a menos de um mês da COP21, que começa no próximo 30 de novembro na capital francesa.

Segundo o presidente francês, cabe à China convencer os países mais reticentes, em especial a Índia, quarto maior poluidor do mundo, que se recusa a parar seu crescimento econômico em detrimento da luta a favor do meio ambiente.



"A China tem uma grande influência sobre os países emergentes e os países em desenvolvimento (...) O fato de que possa assumir suas responsabilidades é uma forma de convencer os países que hoje questionam, e eu entendo, um compromisso na conferência de Paris", declarou Hollande.

China e França concordaram na segunda-feira em chegar a um acordo vinculante na Conferência de Paris sobre o Clima, que incluiria uma cláusula de revisão a cada cinco anos dos compromissos adotados pelos estados. O acordo supõe também uma clara mudança na posição da China.

Segundo Hollande, o sucesso desta conferência do clima é "possível mas não garantido". "Há ainda alguns pontes pendentes (...) Sim, o fracasso sempre é possível, mas tenho esperança", afirmou Hollande, entrevistado pela rádio francesa Europe1, em Pequim.

Fontes próximas ao presidente francês garantem que as maiores incertezas giram em torno da cláusula de revisão proposta por Paris. "Os Estados Unidos não decidiram ainda sobre esta cláusula", afirmou uma destas fontes.

Entre os itens deixados de lado pelo acordo, Hollande citou o caso dos fundos prometidos desde 2009 pelos países do Norte para financiar políticas climáticas no Sul. Devem totalizar 100 bilhões de euros ao ano a partir de 2020.

Até agora, cerca de 65 bilhões de euros estão garantidos, e há promessas de outros 20 bilhões de euros, disse Hollande. "Mas nós ainda não chegamos aos 100 bilhões", admitiu.


Modelo insustentável


Antes, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, confirmou, ao lado do presidente francês, que era "uma obrigação da China" ter um desenvolvimento econômico mais duradouro e cuidadoso com o meio ambiente.

"O desenvolvimento ;verde; é uma etapa inevitável para a China caso o país queira promover uma restruturação de sua economia", agora em plena desaceleração, declarou Li, no discurso de encerramento de uma cúpula franco-chinesa chamada "Economia e Clima".

"Trata-se também de um dever e de uma contribuição da China diante do resto da humanidade, como grande país do mundo", garantiu o primeiro-ministro.

O gigante asiático tenta reequilibrar seu modelo de crescimento, até agora impulsionado pela indústria pesada, o setor imobiliário e as infraestruturas - todos esses setores que consomem grandes quantidades de energia.

Este modelo "tornou-se insustentável" segundo Li Keqiang. A partir de agora, o país deseja estimular o consumo interno, o setor de serviços e favorecer uma indústria de maior qualidade.

Segundo Hollande, a responsabilidade internacional da China na agenda climática "coincide" com sua estrategia nacional. Comprometer-se em favor do clima "vai de encontro aos interesses da China", alegou o presidente francês.

Na quarta-feira (4/11) Hollande vai à Coreia do Sul, numa visita oficial que terá como principais temas a cooperação em economia digital e o clima.