Os três proprietários da boate destruída na sexta-feira por um incêndio que deixou 30 mortos e quase 200 feridos foram indiciados por "homicídio culposo", anunciou nesta segunda-feira a procuradoria geral da Romênia.
Os três homens, com idades entre 28 e 36 anos,celebraram uma audiência de várias horas com os promotores "enquanto suspeitos".
O trio, atualmente em prisão provisória, admitiram a culpa e podem pegar até 10 anos de prisão.
Na sexta-feira à noite, um espetáculo pirotécnico causou um incêndio no interior da boate Colectiv, matando 26 pessoas que assistiam a um show no local.
Quatro outras pessoas morreram nos dias seguintes de seus ferimentos.
Testemunhas da tragédia e a imprensa denunciaram várias violações das regras de segurança no estabelecimento, incluindo a ausência de saídas de emergência e a utilização de materiais inflamáveis %u200B%u200Bpara isolamento acústico.
Inaugurada em uma antiga fábrica de sapatos no centro de Bucareste, a boate não tinha as permissões necessárias para organizar shows e espetáculos de pirotecnia, de acordo com o secretário de Estado do Interior, Raed Arafat.
A procuradoria deve agora verificar quem, da prefeitura, bombeiros, polícia ou do serviço de inspeção para situações de emergência, permitiu a abertura desta casa noturna sem as autorizações necessárias.
A imprensa local acusa tanto os donos quanto as autoridades locais de "irresponsabilidade" na ocorrência da tragédia.
De forma enérgica, o chefe de Estado Klaus Iohanis pediu uma mudança à sociedade romena, que segundo ele está corroída pela corrupção.
"Não podemos tolerar mais a incompetência das autoridades, a ineficácia das instituições, e não podemos deixar a corrupção se desenvolver mais, ao ponto de matar", disse no domingo à noite em um discurso televisionado.
Segundo testemunhas, entre 300 e 500 jovens assistiam a um show de hard rock da banda "Goodbye to Gravity", que promovia o seu novo álbum na véspera do Halloween, quando aconteceu o incêndio.
O incêndio teria começado após uma explosão durante um espetáculo pirotécnico. Um pilar e uma parte do teto pegaram fogo, que rapidamente se espalhou em razão da má qualidade do material de isolamento acústico, altamente inflamável, segundo uma fonte da polícia.
Um representante da empresa responsável pelo isolamento acústico afirmou que os donos da boate escolheram o material mais barato, sem se preocupar com os riscos de um incêndio e sem pedir a autorização dos bombeiros.
Além disso, apenas uma porta de saída estava aberta no momento da tragédia. Várias pessoas ficaram feridas após serem pisoteadas pela multidão que tentava sair apressadamente do local em meio ao pânico, enquanto outras sofreram intoxicação por monóxido de carbono.
A boate não tinha autorização para realizar shows e espetáculos pirotécnicos.
Este incidente lembra a tragédia da boate Kiss, ocorrida em uma casa noturna no sul do Brasil, em janeiro de 2013, onde 242 pessoas morreram.
O incêndio também foi causado por um fogo de artifício disparado por um membro de uma banda que se apresentava no local.
A maioria das vítimas, jovens que participavam de uma festa universitária, morreu por asfixia.