Jornal Correio Braziliense

Mundo

Papa acusa episcopado de El Salvador de difamar monsenhor Romero

Oscar Arnulfo Romero, arcebispo de San Salvador, foi proclamado beato da Igreja Católica em maio passado, 35 anos após sua morte

O papa Francisco acusou nesta sexta-feira (30/10) o episcopado de El Salvador de ter difamado e caluniado tanto em vida como depois do assassinato, em 1980, o monsenhor Oscar Romero, beatificado em maio passado.

"O martírio de monsenhor Romero não foi apenas sua morte: iniciou antes, com os sofrimentos pelas perseguições e continuou depois porque não bastou que morresse, pois o difamaram, caluniaram e enlamearam. Seu martírio continuou pela mão de seus irmãos sacerdotes e do episcopado", afirmou o Papa ante uma delegação de bispos e fiéis salvadorenhos.

Oscar Arnulfo Romero, arcebispo de San Salvador, foi proclamado beato da Igreja Católica em maio passado, 35 anos após sua morte, em uma cerimônia que reuniu milhares de pessoas.



O então arcebispo foi morto com um tiro no peito em 24 de março de 1980 por um atirador ligado à extrema-direita, depois de clamar por justiça social e o fim da repressão no país. O assassinato deu início a uma guerra civil de 12 anos que deixou 75.000 mortos. Ninguém foi condenado pelo crime.

Romero foi chamado de "a voz dos sem voz" por suas denúncias da injustiça social e da repressão que sofria o povo salvadorenho. Romero também foi por muitos anos chamado de marxista e marionete da teologia da libertação.

Sua morte foi classificada pelo papa Francisco como um martírio "por ódio à fé", o que abriu as portas para sua beatificação.