Os principais personagens diplomáticos para a questão síria, incluindo Estados Unidos e Rússia, assim como os rivais Irã e Arábia Saudita, iniciaram nesta sexta-feira (30/10) uma reunião em Viena para tentar encontrar uma solução política ao conflito que devasta o país desde 2011.
O encontro não deve resultar em nenhum acordo decisivo sobre o futuro do regime de Bashar al-Assad, mas a presença de países com posições tão divergentes já é considerada um avanço. A principal novidade diplomática é a presença do Irã, aliado de Damasco, o que marca o retorno do país ao cenário internacional após o histórico acordo sobre seu programa nuclear.
Na semana passada, em uma primeira rodada de negociações em Viena, os chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita e Turquia ;que discordam em diversos pontos - concordaram com a possibilidade de negociar juntos.
A reunião desta sexta-feira foi ampliada a 19 participantes, com representantes da ONU, China, Líbano, Itália, Jordânia, Iraque, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos e Omã. Também participam os ministros das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, Grã-Bretanha, Philip Hammon, Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e a Alta Representante de Política Externa da União Europeia, Federica Mogherini.
"Finalmente conseguimos reunir à mesma mesa todo mundo, sem exceções", disse o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, que se reuniu com o chanceler iraniano na quinta-feira, assim como o secretário de Estado americano, John Kerry.
No momento, no entanto, não existe a previsão de uma participação do governo sírio, nem de representantes da oposição. O primeiro obstáculo das negociações é o futuro de Assad: Washington e seus aliados ocidentais e árabes querem negociar um "calendário preciso" de saída do presidente sírio, de acordo com Laurent Fabius. Do outro lado, Moscou e Teerã insistem que o presidente sírio tenha um papel na transição política na Síria.
A Rússia, que desde 30 de setembro bombardeia de maneira oficial grupos "terroristas" na Síria, é acusada de atacar rebeldes sírios para reforçar a posição de Assad. O Irã fornece apoio militar e financeiro direto a Damasco.
A Arábia Saudita apoia os rebeldes e participa na coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), mas sua opinião sobre Assad é ambigua. "Ele sairá depois de um processo político ou quando for expulso pela força", afirmou na quinta-feira à BBC o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir.
Nesta sexta-feira, pelo menos 40 pessoas morreram em ataques com foguetes do regime sírio contra um mercado em Duma, um reduto rebelde ao leste de Damasco, anunciou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).