Caracas, Venezuela - O promotor que denunciou que o líder opositor venezuelano Leopoldo López foi condenado com provas falsas afirmou na terça-feira (27/10) que a ordem para o julgamento foi dada pelo presidente Nicolás Maduro para afastá-lo do "jogo político".
[SAIBAMAIS]Em uma entrevista ao canal CNN em Miami, para onde viajou na semana passada alegando pressões do governo e de seus superiores, Franklin Nieves citou uma conversa com López na qual expressou que sua condenação estava "escrita" porque Maduro e o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, temem sua liderança.
"Eles são os que manejam tudo. O que faz a ata policial de apreensão de Leopoldo López é o próprio Diosdado Cabello, o que dá as instruções no gabinete de coordenação dos promotores (...), se converteu em apreensor, em aguazil porque foi ele que transferiu Leopoldo para lá, em tudo o que lhe deu vontade", disse.
Cabello, em seu programa de televisão no canal estatal VTV, rebateu as acusações de Nieves, criticou o promotor e disse que ele tinha a "tarefa" de processar o opositor por delitos menores, e não por sua responsabilidade nas 43 mortes dos protestos de fevereiro a maio de 2014.
Nieves, um dos promotores do caso, disse que um comandante militar, que identificou como o general de brigada Manuel Bernal, solicitou que ele tramitasse a ordem de captura contra López em fevereiro de 2014.
"Me disse que as instruções que tinha do presidente Nicolás Maduro, me disse do número um, Nicolás Maduro, era solicitar quatro ordens de apreensão. Me mostra um pequeno papel onde em primeiro lugar aparecia o cidadão Leopoldo López", declarou o promotor.
Sem uma ata policial para basear a medida, Nieves disse que solicitou a detenção de quatro pessoas, mas a juíza a que, segundo ele, o dirigiu um superior concedeu apenas a de López.
Líder da ala radical da oposição venezuelana, López foi condenado a13 anos e nove meses de prisão no dia 10 de setembro por incitação à violência durante os protestos para exigir a renúncia de Maduro.
Nieves, destituído após sua primeira declaração, afirmou que os poderes do Estado venezuelano estão "ajoelhados" diante de Maduro e Cabello, presidente do Congresso.
A procuradora-geral Luisa Ortega negou na segunda-feira ter pressionado os promotores. "Se Nieves acreditava que estava fazendo algo ilegal poderia inibir-se ou pedir que o substituíssem do caso", disse Ortega. O ex-promotor respondeu que se tivesse tomado tal atitude, seria imediatamente "perseguido".