O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta terça-feira (20/10) em Jerusalém aos dirigentes israelenses e palestinos que ajam rápido para deter uma "perigosa escalada da violência", que continua sem sinais de trégua.
No momento em que Ban chegava para uma visita surpresa de dois dias a Israel e aos Territórios Palestinos, o exército e a polícia israelenses relatavam dois novos ataques contra israelenses na Cisjordânia ocupada: um com faca perto de Hebron e um segundo com carro e faca ao sul de Jerusalém.
Três israelenses ficaram feridos. Os dois autores palestinos foram mortos. Na Faixa de Gaza, um palestino foi morto por disparos israelenses durante confrontos ao longo da cerca que delimita o território, informaram os serviços de emergência palestinos.
E um israelense morreu em circunstâncias pouco claras, depois de ter tido seu carro atingido por pedras perto de Hebron. Os confrontos diários opuseram mais uma vez palestinos e soldados israelenses perto de Ramallah, Hebron e Belém.
Os confrontos, agressões mútuas entre colonos israelenses e palestinos e uma onda de ataques anti-israelenses mataram mais de 40 palestinos, incluindo vários autores de ataques, um árabe-israelense e oito israelenses desde 1; de outubro. Um eritreu, confundido com um agressor, também foi morto.
;Perigoso abismo;
Neste contexto, o secretário-geral da ONU expressou com veemência o "alarme" da comunidade internacional frente a uma "perigosa escalada" da situação, durante um encontro com o presidente israelense, Reuven Rivlin. "Se não agirmos rapidamente, a dinâmica no terreno só vai piorar, com graves repercussões em Israel e além de Israel e da Palestina. Ainda não é tarde demais para evitar uma crise mais profunda", afirmou o chefe da ONU.
"Em minhas reuniões hoje e amanhã com os líderes israelenses e palestinos, vou pedir a todos para que se esforcem" para reduzir os incidentes de ambos os lados, disse. "Para o futuro dos nossos filhos, devemos escapar deste abismo perigoso", ressaltou, referindo-se à paralisia atual do esforço de paz e reafirmando o compromisso da ONU para uma solução "de dois Estados", israelense e palestino, convivendo em paz.
Ban, que deve encontrar ainda esta noite o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e na quarta-feira o presidente palestino, Mahmud Abbas, não evocou publicamente as medidas que poderiam ser tomadas por ambas as partes. Sua visita revela um esforço diplomático ante o aumento da violência que abala Jerusalém, Israel e os Territórios Palestinos e que faz temer uma nova intifada.
O secretário de Estado americano, John Kerry, deve se encontrar esta semana com Netanyahu na Alemanha e com Abbas na Jordânia. A comunidade internacional busca com grande dificuldade os meios para conter a nova onda de tensões e um movimento conduzido essencialmente por jovens palestinos exasperados com a ocupação israelense.
Nova demolição punitiva
Neste sentido, Ban destacou a decepção dos jovens palestinos para com seus líderes. Aos líderes israelenses, ele ressaltou que "muros, postos de controle, a dureza da reação das forças de segurança e a destruição de casas não trarão paz e segurança".
Antes da chegada de Ban Ki-moon e apesar da oposição de dezenas de atiradores de pedras, o exército israelense anunciou nesta terça que destruiu a casa de um palestino de Hebron, sul da Cisjordânia, que matou uma israelense no fim de 2014 em uma ataque com faca.
Durante a demolição da casa de Maher al-Hashlamun aconteceram confrontos entre soldados israelenses e dezenas de palestinos, que atiraram pedras, mas ninguém ficou ferido, segundo testemunhas.
Um tribunal militar israelense condenou em março o palestino, integrante da Jihad Islâmica, a uma pena de prisão perpétua dupla pelo assassinato de Dalia Lemkus, de 26 anos, residente de uma colônia da Cisjordânia, e pela tentativa de assassinato de outras duas pessoas em 10 de novembro de 2014 em uma rua de Goush Etsion, um conjunto de assentamentos perto de Jerusalém.
Na semana passada, o governo israelense ordenou uma intensificação das demolições de casas, uma medida punitiva em resposta à onda de ataques contra israelenses. Além disso, soldados israelenses prenderam na madrugada Hassan Yusef, um dos principais líderes do movimento islamita palestino Hamas.
"Durante a noite, tropas do exército e do Shin Bet (o serviço de segurança interno israelense) prenderam Hassan Yusef, um líder do Hamas, em Beitunia, ao sudoeste de Ramallah", afirma um comunicado militar. Os serviços de segurança palestinos confirmaram a detenção.
Hassan Yusef, um dos fundadores do Hamas, passou vários anos nas prisões israelenses e foi libertado pela última vez em junho. Ele foi eleito em 2006 ao Parlamento palestino, quando estava na prisão. O Hamas afirma que Yusef sempre trabalhou para o braço político do movimento.