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Soldado ucraniano morre em combates com rebeldes no leste da Ucrânia

O militar ucraniano abatido é o primeiro que morre em combates diretos com os rebeldes pró-russos desde meados de setembro

Kiev, Ucrânia - Um soldado ucraniano morreu em confrontos no leste da Ucrânia, ilustrando a debilidade da trégua entre os separatistas pró-russos e o exército de Kiev, que celebra nesta quarta-feira (14/10) a nova festa nacional do Defensor da Pátria.

O militar ucraniano abatido no dia anterior (13/10) é o primeiro que morre em combates diretos com os rebeldes pró-russos desde meados de setembro. "Na terça-feira, na zona da operação antiterrorista (nome com o qual Kiev se refere ao conflito no leste do país) no Donbas, um soldado morreu e dois ficaram feridos após uma violação da trégua e do regime de cessar-fogo dos rebeldes", indicou nesta quarta-feira o serviço de imprensa do exército ucraniano.



"Os bandidos não se limitaram ontem as suas provocações habituais e abriram fogo com lança-granadas sobre nossas posições", declarou a mesma fonte. O incidente ocorreu perto de Avdiivka, cidade próxima ao aeroporto de Donetsk, um dos redutos rebeldes. A madrugada transcorreu, no entanto, com calma, afirmou o serviço de imprensa.

O porta-voz militar ucraniano Andrei Lysenko acrescentou, horas depois, que um terceiro soldado ficou ferido nestes confrontos. "Os rebeldes abriram fogo durante 10 minutos com armas leves e lança-granadas", disse.

[SAIBAMAIS] O conflito entre os militares ucranianos e os rebeldes pró-russos deixou mais de 8.000 mortos desde seu início, em abril de 2014, mas os combates cessaram quase completamente devido a uma nova trégua assinada em 1; de setembro.

Desde então, quase todos os soldados ucranianos mortos nesta zona faleceram ao pisar em minas, segundo as estatísticas oficiais.

Os civis também sofrem as consequências das minas. Nesta quarta-feira, um elericista de 44 anos morreu ao pisar em uma na região de Lugansk, segundo as autoridades ucranianas.

No âmbito do processo de paz, os beligerantes anunciaram a retirada do front de suas armas pesadas (de calibre superior a 100 milímetros), mas, segundo os observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação (OSCE), seguem mantendo algumas na zona.

A retirada das armas de calibre inferior a 100 milímetros (tanques, canhões e morteiros) começou no início de outubro na região separatista de Lugansk, e deve começar em 18 de outubro na vizinha Donetsk, desde que o cessar-fogo seja respeitado.

Apesar do cessar-fogo, seguem ocorrendo confrontos isolados no leste do país. No sábado um rebelde morreu e dois ficaram feridos nos arredores de Donetsk. Um soldado ucraniano também morreu.

A Ucrânia e os países ocidentais afirmam que a Rússia arma e apoia os separatistas, acusações desmentidas por Moscou.

Poroshenko agradece

Após a morte de um de seus soldados na terça-feira, o ministro ucraniano da Defesa, Stepan Poltorak, indicou nesta quarta-feira que as autoridades tentavam entender o ocorrido antes de tomar uma decisão a respeito da retirada de armas de calibre inferior a 100 milímetros.

Poltorak se expressava durante a inauguração de uma exposição de material militar em Kiev, por ocasião da nova festa nacional do defensor da Pátria, em homenagem ao exército.

O governo decretou um feriado neste ano para celebrar esta festa instaurada no ano passado pelo presidente ucraniano Petro Poroshenko.

No âmbito desta celebração, Poroshenko voou a bordo de um caça-bombardeiro Sukhoi, acompanhado pelas lentes das câmeras, uma experiência que lembra as de seu colega russo, Vladimir Putin.

A presidência ucraniana divulgou um vídeo que mostra Poroshenko, com capacete, no momento em que senta atrás de um piloto em um Su-27 no aeródromo Zaporijia (sul). "Voo de teste de um avião caça Sukhoi-27 com a participação do presidente", menciona o site da presidência.

O presidente também esteve no desfile no centro de Kiev, onde pôde observar vinte tanques modernos, veículos blindados e jipes de fabricação ucraniana e americana.

"Não precisamos de soldados estrangeiros. Mas agradecemos a nossos sócios estrangeiros pelas armas defensivas que por fim começamos a receber", declarou Poroshenko.