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Rússia lança primeiros bombardeios na Síria contra Estado Islâmico

Foram realizados vinte ataques aéreos, que atingiram oito alvos do grupo jihadista, destruindo principalmente um posto de comando do EI

A aviação russa realizou nesta quarta-feira (30/9) seus primeiros ataques na Síria, a pedido do presidente Bashar al Assad, contra alvos do grupo jihadista Estado Islâmico, informou Moscou, uma operação que Estados Unidos e França questionam. "Os aviões russos atingiram com precisão alvos em terra dos terroristas do grupo Estado Islâmico na Síria", declarou o general Igor Konashenkov, porta-voz do ministério da Defesa.

De acordo com a fonte, foram realizados vinte ataques aéreos, que atingiram oito alvos do grupo jihadista, destruindo principalmente um posto de comando do EI.

Segundo ele, os ataques destruíram equipamentos militares, depósitos de armas e munições e ferramentas de comunicação do grupo jihadista, que no ano passado proclamou um califado nos territórios sob seu controle no Iraque e na Síria.

A campanha iniciada nesta quarta-feira é a primeira intervenção militar da Rússia longe de suas fronteiras desde a invasão soviética do Afeganistão em 1979, concluída uma década mais tarde com um estrondoso fracasso.

Direito internacional
Para o secretário da Defesa americano, Ashton Carter, a nova estratégia da Rússia na Síria poderá inflamar ainda mais o conflito que já se arrasta há vários anos e está fadada ao fracasso. "A abordagem adotada por Moscou equivale a jogar gasolina no fogo", afirmou Carter.

O Pentágono já havia declarado que os ataques russos provavelmente não ocorrem em áreas dominadas pelo EI, como alega Moscou.

Uma fonte anônima do Pentágono (Departamento de Defesa americano) afirmou que os ataques russos visaram, na realidade, à oposição ao regime sírio, e o chanceler francês Laurent Fabius denunciou na ONU que os bombardeios não se dirigiam ao EI, exigindo de Moscou garantias a esse respeito.

A Casa Branca, no entanto, emitiu um comunicado afirmando que é muito cedo para determinar quais foram os alvos dos ataques aéreos russos na Síria.

Já o presidente russo Vladimir Putin defendeu os bombardeios, afirmando que se deve atuar de forma preventiva contra os jihadistas. "A única forma apropriada de combater o terrorismo internacional é atuando de forma preventiva, combatendo e destruindo os terroristas nos territórios que conquistaram, e não esperando que cheguem até nós", afirmou Putin.

Falando ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o secretário de Estado americano John Kerry salientou que o EI não poderá ser vencido se Assad continuar no poder.

No entanto, em uma reunião com seu colega russo, Serguei Lavrov, Kerry afirmou que os Estados Unidos estariam dispostos a aprovar a ação russa na Síria se o alvo for realmente o EI. "Se as ações recentes da Rússia e aquelas agora em andamento refletirem um compromisso genuíno para derrotar esta organização (EI), então estamos preparados para acolher esses esforços", disse Kerry.

As forças americanas, acrescentou, estão prontas para se coordenar com as forças russas - se comunicar para evitar encontros acidentais no campo de batalha - "aumentando, assim, a pressão militar sobre o EI".

Os Estados Unidos, que há pouco mais de um ano lidera uma campanha aérea contra o EI, se viram surpreendidos pela iniciativa russa.

O Pentágono fez questão de afirmar que os ataques russos não alteram em nada a missão internacional liderada por Washington no Iraque e na Síria com o objetivo de "enfraquecer e destruir o EI".

Putin também se apressou em destacar que os bombardeios russos estão de acordo com o direito internacional, já que respondem a um pedido de ajuda militar feito pela presidência síria, que enviou uma carta ao presidente russo neste sentido alegando ausência de uma resolução da ONU. Putin igualmente ressaltou que a ação é apenas aérea e descartou, por ora, a mobilização de tropas terrestres de seu país na Síria.

A respeito da discussão de Assad permanecer ou não no poder, Putin declarou que seu colega sírio estaria disposto a se comprometer pelo bem de seu país. "A solução definitiva e duradoura do conflito na Síria não será possível se não for a partir de uma reforma política e de um diálogo com as forças sadias do país", declarou o chefe de Estado russo em alusão à oposição tolerada pelo regime.

Disputa diplomática
A aceleração da intervenção russa na Síria tem como pano de fundo uma disputa diplomática entre Washington e Moscou sobre o papel de Assad, que os ocidentais classificam de "tirano" que deve abandonar o poder. A Rússia, por sua vez, faz do presidente sírio um escudo imprescindível contra o jihadismo.

Na segunda-feira, na ONU, em seu primeiro discurso ante a Assembleia Geral em dez anos, Putin pediu a formação de uma ampla coalizão antiterrorista contra o EI, que inclua o regime sírio e o Irã, outro aliado de Damasco.

O Barack Obama, que há um ano desenvolvessem muitos sucesso uma campanha aérea contra o Estado Islâmico, rejeita a ideia, insistido na necessidade de novos dirigentes em Damasco.

A Rússia descartou a posição americana, afirmando que não corresponde aos Estados Unidos e demais países determinar quem deve governar em Damasco.