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Tsipras trabalha para formar governo que aplicará reformas na Grécia

Tsipras se impôs com uma vitória esmagadora nas eleições de domingo e ganhou sua aposta de convocar novas eleições para recuperar impulso político depois de concluir o terceiro plano de resgate do país



Em seu breve discurso, Tsipras aplaudiu uma "vitória do povo", e a interpretou como um mandato "cristalino" para governar quatro anos, depois de um 2015 agitado, com o risco de saída da zona do euro. "Continuaremos essa luta durante quatro anos, porque recebemos um mandato para quatro anos", ressaltou Tsipras. Segundo dados do ministério do Interior, o Syriza soma, até o momento, 35,53% dos votos, com 145 cadeiras do parlamento, a seis da maioria absoluta. O Nova Democracia, liderado por Evangelos Meimarakis, somou 28,05% dos votos, com 75 cadeiras. A lei eleitoral grega dá um bônus de 50 deputados ao partido mais votado.

Meimarakis reconheceu sua derrota para a imprensa e felicitou a Tsipras por sua vitória. "Parece que nesses seis meses os cidadãos não mudaram de opinião", declarou. Na falta de maioria absoluta, Tsipras deverá voltar a formar uma coalizão para continuar governando. Os candidatos são o Pasok socialista, os centristas do To Potami, e a direita dos Gregos Independentes.

Novo parlamento
A terceira força política continuará sendo a neonazista de Amanhecer Dourado, com 6,96% dos votos e 18 cadeiras. Atrás aparecem o Pasok socialista, com 6,40% dos votos (17 deputados) e os centristas di To Potami (4%, 11 deputados). O novo Parlamento teria, então, oito partidos, um a mais do que a formação anterior, com a entrada da União de Centristas. A vitória de Tsipras era muito esperada pela esquerda, oposta às políticas de austeridade, em outros países da zona do euro, como Espanha, Portugal e Irlanda, que celebrarão eleições nos próximos meses.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, também felicitou neste domingo Alexis Tsipras, e pediu um governo "sólido", assim como o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Tsipras chegou ao poder em 25 de janeiro com a promessa de acabar com as políticas de austeridade aplicadas na Grécia desde 2010. Após a vitória esmagadora do "não" às condições impostas pelos credores no referendo de 5 de julho, Tsipras terminou por aceitar o resgate no dia 13 de julho em Bruxelas. Ao submeter esse acordo ao parlamento, Tsipras perdeu a maioria na câmara, enfrentado um racha de muitos deputados de seu próprio partido, contrários ao resgate e às condições impostas.

Para recuperar impulso, Tsipras decidiu renunciar em 20 de agosto e forçar novas eleições antecipadas para este domingo. Com esse resultado, o líder do Syriza deve enfim se livrar da dissidência interna que, após se opor ao novo resgate, formou um partido que defende a saída da Grécia da zona do euro, o Unidade Popular.