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Papa Francisco e Fidel Castro debateram 'temas da atualidade internacional'

Durante encontros reservados, o papa troca presentes e pontos de vista com os irmãos que lideram o regime instituído pela revolução de 1959, hoje em aproximação sustentada com a Igreja



A expectativa dos observadores era de que o presidente cubano apresentasse para o pontífice as duas principais exigências de seu governo para a normalização plena de relações com os EUA. O primeiro deles, mencionado por Raúl no discurso de boas-vindas que fez após o desembarque do papa, no sábado, é a suspensão do embargo americano ao país. A segunda é a recuperação da soberania sobre o território da base naval de Guantánamo, arrendada segundo contrato firmado há mais de um século, com a ilha na prática sob intervenção militar.

Pelo lado de Francisco, vaticanistas apostavam que o próprio caráter discreto do encontro propiciaria a ocasião para abordar questões relacionadas aos direitos humanos em Cuba, inclusive a liberdade de atuação para a Igreja. Embora tenha escolhido não fazer cobranças públicas ao regime de Havana, o papa não deixou de mencionar o assunto no desembarque, quando respondeu ao pronunciamento do anfitrião. Também o processo de paz na Colômbia, citado pelo papa na missa dominical, na Praça da Revolução, estava entre os temas da conversa.

Boa vizinhança
Desde a primeira visita papal à ilha, em 1998, quando João Paulo II foi recebido com todas as honras por Fidel, as relações entre o regime e a Igreja cubana vêm se intensificando. Inicialmente proclamado oficialmente um Estado ateísta, Cuba não apenas revogou o dispositivo constitucional como restabeleceu o Natal como feriado nacional. O cardeal-arcebispo de Havana, Jaime Ortega, teve participação decisiva nas negociações que permitiram, recentemente, a libertação de dezenas de dissidentes que foram autorizados a viajar para a Europa. Desde então, a intervenção dos bispos cubanos tem sido recorrente na defesa de opositores detidos.


Aceno ao entendimento

Na missa que celebrou de manhã na Praça da Revolução, o papa mencionou a importância das negociações de paz desenvolvidas há quase três anos, na capital cubana, entre o governo colombiano e a guerrilha das Farc. Outro fracasso, como os que puseram a fim a três tentativas anteriores, seria ;inaceitável;. ;Neste momento, me sinto no dever de dirigir o pensamento à querida terra da Colômbia, consciente da importância crucial do momento presente, no qual seus filhos estão buscando construir uma sociedade em paz;, disse.