Washington, Estados Unidos - Um homem que estava paralisado há mais de uma década ganhou uma prótese de mão que permite que ele "sinta" - afirmaram nesta segunda-feira (14/9) pesquisadores da Agência norte-americana de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Darpa).
Os cientistas introduziram eletrodos no córtex somatossensorial primário do paciente de 28 anos, parte do cérebro que identifica sensações táteis, permitindo que ele perceba uma sensação básica de tato.
Na primeira série de testes, os pesquisadores tocaram suavemente cada dedo da mão protética enquanto o homem estava vendado.
Ele conseguiu identificar com quase 100% de acurácia qual dedo estava sendo tocado, disse a Darpa em comunicado lançado na última sexta-feira.
"Num dado momento, em vez de pressionar um dedo, a equipe decidiu apertar dois sem avisar o paciente", contou Justin Sanchez, que lidera o projeto Revolucionando Próteses, da Darpa.
"Ele respondeu em tom de brincadeira, perguntando se alguém estava tentando pregar uma peça nele. Foi quando entendemos que os sentimentos que ele estava percebendo através da mão robótica eram quase naturais".
Os pesquisadores também enviaram fios do córtex motor do homem para a mão, para que ele fosse capaz de controlar os movimentos com seus pensamentos. A mão mecânica foi desenvolvida pelo Laboratório de Física Aplicada (APL) da Universidade Johns Hopkins.
É o tipo de tecnologia que até recentemente era imaginável somente na ficção científica - como a cena do clássico do cinema "O Império Contra-Ataca", quando Luke Skywalker recebe uma mão protética após perder a sua em um duelo com sabre de luz com Darth Vader.
Mas a Darpa afirmou que os novos avanços possibilitados pelas tecnologias neurais são apenas um passo para um futuro "em que as pessoas com membros paralisados %u200B%u200Bou sem um dos membros não só serão capazes de manipular objetos enviando sinais do cérebro para dispositivos robóticos, mas também de sentir precisamente o que esses dispositivos estão tocando".
A Darpa não divulgou a identidade do voluntário no estudo, e disse apenas que ele sofreu uma lesão na medula espinhal.
"Ao conectar a sensação de toque de uma mão mecânica diretamente para o cérebro, este trabalho mostra o potencial de restauração bio-tecnológica de funções quase-naturais", explicou Sanchez.
O estudo foi apresentado para revisão e eventual publicação em uma revista científica.