Mundo

Novo confronto entre palestinos e a polícia de Israel acontece em Jerusalém

No domingo (13/9) também foram registrados confrontos no local sagrado, coincidindo com o início das celebrações do Ano Novo judaico

Agência France-Presse
postado em 14/09/2015 09:19
A Esplanada das Mesquitas é um dos locais mais sagrados do islã

Jerusalém, Israel - Palestinos e policiais israelenses se enfrentaram nesta segunda-feira (14/9), pelo segundo dia consecutivo, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, coincidindo com o aumento do número de visitantes judeus por ocasião do início do Ano Novo judaico. Como aconteceu no domingo, as forças de segurança entraram na mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do islã, para evitar que os jovens muçulmanos reunidos na área não cercassem os judeus, segundo a polícia.

[SAIBAMAIS]Os confrontos explodiram na Esplanada e os muçulmanos se entrincheiraram dentro da mesquita de Al-Aqsa, com protestos pelos acessos ao local, também venerado pelos judeus, que o chamam de Monte do Templo. "Quando a polícia entrou no complexo, jovens encapuzados fugiram para dentro da mesquita e lançaram pedras", afirma um comunicado das forças de segurança.

A polícia informou que cinco manifestantes foram detidos na Esplanada e que as visitas aconteceram de acordo com o previsto. Outros quatro ativistas foram detidos em confrontos com as forças de segurança e os manifestantes nas ruas próximas da cidade antiga de Jerusalém. A polícia usou bombas de efeito moral, ao mesmo tempo que avançava contra manifestantes e jornalistas para tentar dispersar a multidão.

Os muçulmanos temem uma tentativa de Israel de mudar as normas de administração do local, pois grupos de extrema-direita judeus exigem um acesso maior e algumas associações chegam a pedir a construção de um novo templo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que o ;status quo; será respeitado neste local sensível, mas os palestinos permanecem com receio, o que demonstra a profunda divisão entre as partes.

;Não somos terroristas;

Os não muçulmanos têm permissão de visitar a Esplanada, mas os judeus estão proibidos de rezar ou exibir símbolos nacionais no local, pois isto pode provocar ainda mais tensão com os muçulmanos. "Alguns jovens dormem na Esplanada há dois ou três dias para defendê-la", declarou à Agência France Presse (AFP) Umm Mohamed, de 50 anos, que estava no protesto ao lado de outras mulheres. "Estamos protegendo Al-Aqsa. Não somos terroristas", disse.



Um correspondente da AFP também observou um confronto entre um visitante judeu e muçulmanos que estavam do lado de fora do complexo. As visitas de não muçulmanos ao local aumentam durante as férias judaicas. O ministro da Agricultura israelense, Uri Ariel, de ultradireita, estava entre os visitantes de domingo, segundo a imprensa.

O ministério da Defesa decidiu proibir a entrada no local dos grupos muçulmanos Murabitat e Murabitun - que afirmam defender a Esplanada das Mesquitas - para proteger "a segurança do Estado, o bem-estar e a ordem pública". Nos distúrbios de domingo, testemunhas afirmaram que a polícia entrou na mesquita de forma violenta e provocou danos. A polícia alega que se limitou a fechar as portas para evitar que as pessoas que estavam do lado de dentro atirassem pedras e outros objetos.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, condenou a ação da polícia israelense no domingo, ao recordar que locais como Al-Aqsa constituem uma "linha vermelha". "Não permitiremos ataques contra nossos locais sagrados". Netanyahu respondeu também no domingo. "É nossa responsabilidade e nosso direito atuar contra os agitadores para permitir a liberdade dos fiéis neste local sagrado".

Israel conquistou Jerusalém Oriental, onde fica a Esplanada das Mesquitas, durante a guerra dos Seis Dias de 1967 e mais tarde a anexou a seu território, uma medida jamais reconhecida pela comunidade internacional.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação